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sábado, 31 de março de 2012

Review: Roger Waters - The Wall

Quem diria que um dia eu veria este muro tão de perto?
Rolou esta quinta o tão esperado show do Waters no Rio. Tão esperado, tão curtido e agora fica o babaca aqui pensando o que escreve.

Porque nesse caso, aquela coisa das mil palavras fica muito bem aplicada. Talvez mesmo duas mil fossem insuficientes para descrever a grandiloquência de apenas um pequeno trecho do espetáculo. Sim, espetáculo, porque show é quando uma banda vai lá e toca. O que vimos foi algo comparável à uma ópera, na verdade superior.

Superior graças a tecnologia que Waters trouxe nesta turnê. A sensação é de imersão total no disco, com pequenas caixas de som dispostas ao redor de todo o estádio. Aviões, helicópteros, metralhadoras, gritos, carros zunindo... tudo contribui para que cada um se sinta dentro do espetáculo e não apenas um observador.

A sincronia das projeções, som editado e da banda é perfeita! Não houve um só momento em que eu percebesse alguma falha ou imperfeição. Aliás, a banda faz com que todos esqueçam rapidinho Mason, Gilmour e Wright. Um pecado isso que eu escrevi, mas é verdade.

O mais impressionante de tudo é a forma como Waters readaptou sua obra, mais de 30 anos após o lançamento. Se o The Wall original falava em tom introspectivo sobre as barreiras da vida de um homem, hoje ele transfere para o terrorismo de estado os muros das nossas vidas. Com frases de efeito como "O medo constrói muros", Roger vai contando a estória da nossa vida cotidiana e não tem medo de apontar os vilões. Se em 1979, por exemplo, os aviões de Goodbye Blue Sky eram alemães, hoje eles são bombardeiros americanos B52, lançando não mais bombas, mas logotipos da Shell e da Mercedes-Benz.

É difícil dizer o melhor momento do show, mas alguns são simplesmente inesquecíveis, como a abertura - recheada de fogos, aviões e rajadas de tiros, a belíssima homenagem a Jean Charles de Menezes - com direito a uma "Another Brick in the Wall parte 4", ao começo do lado 3, com Hey You, Vera, Brin the Boys e Comfortably Numb e claro, ao operístico julgamento de The Trial. Ou seja... o show todo! Não faltaram gritos de suspresa, deslumbre e, claro, muitas lágrimas.

Não sei se escrevi duas mil palavras, mas estou certo de que não descrevi o espetáculo de quinta. Me perguntaram se foi surreal. Respondi que ao contrário, foi um show de hiper-realismo! Como as palavras não bastaram, aí embaixo um trecho de Comfortably Numb, sem o Gilmour, naturalmente.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Review: Roger Waters, The Wall - por Luciano Santos

Noite perfeita para um espetáculo ao ar livre na capital gaúcha: The Wall . Noite esta que antecedeu o aniversário dos 240 anos de Porto Alegre ( 26/03).

"So ya
Thought ya
Might like to
go to the show" , com certeza todos que tiveram a oportunidade de presenciar o "show", têm uma resposta e sua própria impressão bem particular a respeito.

The Wall ? Sim, The Wall ! Roger Waters, Ao Vivo no Beira Rio, apresentando na íntegra e na sequência original o album lançado em 1979 por ele em parceria com David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason. Nada mais nada menos que uma das bandas de Rock Progressivo muito bem conhecida por muitos: o Pink Floyd

The Wall é uma verdadeira obra de arte viva e atual: um mega espetáculo de Rock, não simplesmente rock, mas a união do talento da música e das composições das letras. The Wall, representa e conceitualiza em muitos aspectos os paradigmas que existem no mundo e muitas vezes o "muro interior" que existe em cada pessoa, muro este que cria barreiras entre o querer e o realmente ser feliz, mas isto pode apenas parecer uma questão pessoal.

Roger Waters, nascido em 6 de setembro de 1943, co-fundador do Pink Floyd, baixista, letrista e diga-se de passagem, um verdadeiro artista do rock, trouxe a Porto Alegre, na minha opinião, a mais bela obra de arte apresentada musicalmente e visualmente ao vivo, de uma forma exageradamente inigualável, um imenso muro de 137 metros de comprimento por 11 de altura, no qual foram feitas projeções em alta resolução de imagens da época do filme homônimo a imagens da atualidade. Os efeitos teatrais não foram dispensados. Imensos bonecos infláveis contracenaram com Waters durante o show. Teve o "Teacher", a "Mother" e uma "Wife" mal humorada. Os efeitos pirotécnicos foram surpreendentes, e já nos primeiros instantes do início do show eles iluminaram o estádio em conjunto com as projeções hi-tech feitas em toda a extensão do muro, que literalmente dividiu o Beira Rio. Mesmo para aqueles que já assistiram o DVD do The Wall Live in Berlin, de 1990 e ainda lembram das cenas, esta turnê é excepcionamlmente atual no seu contexto e contagiante do início ao fim.


Acredito que para muitas pessoas, o The Wall faz lembrar de primeira mão a música do "helicóptero" (como lembro de quando era criança), ou melhor, "Another Brick In The Wall (Part II)", pois talvez outas músicas do álbum não atraíssem a devida atenção pela sua melodia. Curtir o rock progressivo tem que gostar de verdade da banda, não apenas uma ou duas músicas. Infelizmente (ou não), como ouvi de um conhecido que tem uma loja de LPs, ele disse o seguinte: "Cara, tu nasceu na época errada!". Bem, então "sim" para "infelizmente", não tive o LP duplo do The Wall, mas há uns 3 anos tive a oportunidade de adquirir pouco mais de uma centena de LPs, em ótima qualidade e novamente o "infelizmente", pois o The Wall estava muito surrado, em péssimo estado, capa e os dois discos, prova de que os ex-dono realmente ouvi-os na íntegra. Fui a procura do LP The Wall, usado, mas de preferência impecável. Encontrava somente a Capa e o disco 2 em bom estado, mas o disco 1 surrado, várias vezes, prova de que muitas pessoas só curtiam uma música, rsrsrs. Enfim, encontrei um exemplar exatamente impecável, com pouco uso.

Voltando ao espetáculo, aos efeitos e tudo que deixou os fãs fascinados do primeiro ao último instante, no finalzinho de "In The Flesh", sobrevoou um avião, literalmente, sobre a galera da arquibancada lateral. Estava aguardando o momento exato para filmar. O avião estava fixo em um dos postes de holofotes que iluminam o estádio, e um cabo de aço entendido até o "muro" o guiou rapidamente fazendo-o chocar-se no mesmo, derrubando alguns "tijolos" e o efeito pirotécnico simultaneo foi algo indescritível.

Todas as faixas do album foram reproduzidas com os mesmos efeitos sonoros, não deixando nada a desejar e muito pelo contrário, pois a sensação de estar presente no The Wall, é algo que fica pra sempre na lembrança.

Teve outro momento que levou ao delírio a galera que estava bem próxima ao palco, foi um gigantesco javali inflável, com várias palavras em português e símbolos alusivos a diversos temas, prefiro não citá-los, mas quem viu sabe.

Ouvindo as músicas nas versões originais de estúdio, em CD ou mesmo LP, no meu caso, diria que é realmente importante gostar muito, mas tenho certeza, que ao vivo, todas as músicas, sem nenhuma exceção, tomam outras proporções, para qualquer pessoa de qualquer faixa etária, conhecendo ou não Pink Floyd, em especial Roger Waters ! Foram emoções e surpresas sem igual. Um verdadeiro espetáculo memorável !

Fica aqui minha impressão a respeito: o desejo realizado de quem curte muito poder ver, sentir e ouvir ao vivo ! Ter estado lá !

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Review: Ringo Starr em Porto Alegre, por Mirane Lima

Contagem regressiva associada a uma mistura de ansiedade com euforia e foi assim que chegou o tão esperado dia 10 de Novembro!

Para alguns apenas mais uma quinta-feira, já para outros – assim como eu, o dia de ver aquele considerado a estrela menor do “Tal Quarteto de Liverpool”.

Já na entrada aquela vibração contagiante, energia boa que a gente nem identifica ao certo de onde surge, apenas sente!

E se a banda é conhecida como All Starr, no palco não poderia ser diferente. Logo na chegada uma delas já estava lá, azul e radiante, aos olhos de todos – iluminando o palco. E foi assim, até a entrada “carismática” da estrela de magnitude maior, acompanhada por outras tão radiantes como são realmente as estrelas.

Astro com luz própria, definição dada pelos astrônomos a uma grande e luminosa esfera de plasma, mantida na íntegra pela gravidade. Alguma semelhança? Só quem esteve presente pra responder!

Começa o show com It Don´t Come Easy e junto as lágrimas por poder estar ali vendo quase metade da banda mais aclamada da história!

E assim passaram-se rapidamente quase duas horas de show, com altos e baixos dos apreciadores que lá estavam. Parte pelo repertório (talvez não muito conhecido por todos), parte pela expectativa de ouvir um ex-Beatle cantando e tocando clássicos como Yellow Submarine.

Nada mais notório entre aquela constelação que brilhava no palco do Gigantinho, do que o desprendimento do Sr Ringo com os integrantes da banda. Certamente por saber e sentir dos fãs presentes, que há espaço para o brilho de todos e que ele assim como o sol, é considerado uma das estrelas de maior energia do planeta.

Se meus pedidos fossem atendidos, desejaria sem dúvida alguma, entre tantas coisas nesta vida, anos e mais anos de lucidez e talento, comemorações por décadas nas datas de 07 de Julho e 18 de Junho para Sir James Paul e Richard Starkey Jr. Somente para podermos desfrutar de tamanho talento, simpatia e inúmeros adjetivos que me surgem neste momento.

Missão cumprida! Foi com esta sensação que deixei o Gigantinho, feliz da vida cantando Peace a Chance.
Mirane Lima


Valeu Mirane!
Se você, amigo leitor, for a algum dos shows que invadiram o país, mande seu review que eu posto aqui!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Review: George Harrison, Living in the Material World

Ontem aproveitei a rabeira do Festival de Cinema do Rio e, graças à força do sempre animado amigo e fotógrafo da Mustang, Marcus Alcoforado, consegui ingressos para Living in the Material World, o documentário de Martin Scorcese sobre a vida de George Harrison. Eu já estava ansioso desde agosto, quando postei sobre seu lançamento. Aliás me arrisco a dizer que estava mais ansioso por este documentário do que pelo show do Paul de maio. Claro, tem aquelas coisas do "beatle favorito" e tal, mas o fato é que a vida de Harrison talvez seja a mais rica dos 4.

E olha que Martin Scorcese não poupou detalhes e esmiuçou esta vida ao longo de 3 horas e meia de projeção, mas que passam voando e você nem lembra que está com a bunda dormente. A edição dinâmica, mesclando imagens de época, com depoimentos do próprio George e outros de gente como Paul, Ringo, Clapton, sua esposa Olivia, a ex Patty Boyd, seu filho Dhani, Ravi Shankar, Phil Spector, George Martin, a trupe do Monthy Python, Yoko Ono, Derek Taylor e Neil Aspinall, não deixa a peteca cair em um só momento.

O filme se divide em duas partes. A primeira trata basicamente das origens de George e dos Beatles, onde muitas cenas são conhecidas de quem assistiu ao Anthology, mas há bastante material novo, sobretudo lindas fotografias. A segunda parte dá destaque à carreira solo, à fase indiana e sua luta contra o câncer, que acabou por vencê-lo em 2001. Mais uma vez não há grandes novidades em termos musicais. O que rola é o que já conhecemos pelos bootlegs da vida. Porém existe um acervo maior de imagens particulares de Harrison, tanto em video como em foto.

Uma coisa que sempre me intrigou foi que, quando se fazem tributos a Lennon, por exemplo, você vê as pessoas falando, dando depoimento (mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente), falando do momento e tal... Quando se trata de Harrison, estes tais depoimentos vem sempre acompanhados de olhos brilhantes, nós na garganta e uma sinceridade que apenas alguns iluminados conquistam. É assim com absolutamente todos no filme e não é nada piegas: é realmente como as pessoas se sentiam em relação a ele, basta ver o Concert for George, de 2002, já tão falado neste blog.

Voltando ao filme, fiquei procurando brechas, assuntos não tratados, mas não achei. Talvez apenas este concerto supracitado, mas levando em conta que o filme trata da vida dele, talvez fosse demais. Beatles, Monty Python, hinduismo, Traveling Wilburys, tudo está lá. Por falar em Wilburys, Bob Dylan não dá declarações no filme, apenas é citado. Mas sabendo como ele é, é provável que tenha se sentido superior ao tema...

Um ponto alto é o destaque ao peculiar senso de humor de George, que arrancou várias gargalhadas da plateia, como na hora em que Paul chega para gravar Free As A Bird (para o Anthology de 1994) vestido com uma jaqueta de couro. George o saúda falando "Linda jaqueta de couro vegetariano". Ou como ele dá a Tom Petty a notícia da morte de Roy Orbison.

Não encontrei informações sobre exibição do documentário no circuitão, muito menos sobre TV aberta. Mas aí vem a notícia boa: ele foi exibido na HBO americana dias 6 e 7 de outubro, o que nos dá uma esperança que role por aqui. Quer uma notícia melhor ainda? Consegui os torrents!

Avaliação? Vou falar o que de um filme que tem George Harrison como ator principal, Paul, Ringo e Clapton como coadjuvantes, o Monty Python como elenco de apoio, George Martin na trilha sonora e Martin Scorcese dirigindo? É do cacete!

Lá embaixo, só pra dar um gostinho, um trecho da parte 1.



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Review: Beirut, The Rip Tide

Depois de 2 álbuns, 3 EPs e uma penca de singles, Zach Condon apresenta seu novo CD, The Rip Tide, lançado em agosto. Mas só agora, depois de ouvir um bocado, achei que poderia escrever algo de forma isenta. Sim, porque quem me conhece e conhece o Beirut sabe que tendo a postar reviews um tanto o quanto passionais, por uma série de motivos. Mas prometo que não o serei. Antes de mais nada, é importante dizer que The Rip Tide sucede March of the Zapotec (2009), que o próprio Zach chamou de "EP duplo", já que possuía duas partes distintas, uma acústica e beiruteana e outra mais eletrônica. Uma forma inteligente de chamar um CD, mas nesta eu não caio: Rip Tide é o 4º e não 3º disco como eles gostam de afirmar (Gulag Orchestar é o primeiro e Flying Club Cup o segundo).

Feito este introdutório, vamos ao que interessa. O CD abre com a linda A Candle´s Light, que soa como uma volta ao bom e velho Beirut que nos conquistou com Elephant Gun e Postcards From Italy. Elementos como metais, piano e o inseparável ukulele estão de volta aos arranjos. Infelizmente a misturinha se desfaz logo na segunda faixa, Santa Fé, com batidas eletrônicas meio exageradas. A música é até bonita, mas acabou soterrada pelos efeitos, o que já não acontece em East Harlem, uma velha conhecida de quem acompanha os shows do Beirut.

Gochen e Payne's Bay fazem o meio campo de forma e romântica, trazendo de volta aquele ar de bandinha de praça. Mais uma vez os metais reforçam as melodias que poderiam muito bem estar numa brincadeira de crianças. Elas antecedem a grande canção do disco, The Rip Tide, que merece um parágrafo a parte.

Uma característica no trabalho de Zach é o tom um tanto o quanto hipnótico de suas músicas. The Rip Tide (corredeira em inglês) traz esses elementos, tanto na harmonia em espiral, como no arranjo, com batidas que custam para sair da cabeça. Daqui alguns anos, quando sair sua primeira coletânea, essa canção certamente estará presente ao lado de Elephant Gun.

Vagabond e The Peacock aparecem a seguir com aquela sensação de deja vu, algo que já ouvimos antes em algum cd do Beirut. O final do disco chega logo (apenas 33 minutos!) com a doce Port of Call, uma agradável surpresa, quando pensamos que a munição de Zach havia terminado, numa composição com todos os elementos beiruteanos.

Ao final da audição a sensação é de que já conhecíamos o disco há muito tempo, graças à volta aos bons arranjos acústicos dos primeiros trabalhos. É importante dizer que para The Rip Tide, Zach fundou a própria gravadora, para garantir que teria a independência necessária para compor e arranjar como acha correto. A prova de que está certo é a presença de A Candle's Light e The Rip Tide, grandes canções do disco. Por outro lado Santa Fe e Vaganbond sobram no meio da turma.

Se The Rip Tide não está a altura de Gulag Orchestar e Flying Club Cup, com certeza se sai bem melhor que March of Zapotec. Só de termos Zach de volta já é um ótimo negócio! Nota 8 pra ele. Dá uma olhada aí do lado e ouça o CD completo.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Review: Roger Glover, If Life Was Easy

Caro fã xiita do Deep Purple ou do Rainbow: se você ouvir este álbum esperando ecos do hard rock feito por essas bandas nos distantes anos 70, é melhor nem se animar e botar o Machine Head pra rodar. Assim você não corre o risco de se decepcionar com o CD do cara.

Isto acontece porque Roger Glover, baixista dessas bandas (sobretudo da formação clássica do Purple) extrapola as fronteiras do rock e experimenta vários ritmos neste CD If Life Was Easy. Agora, se você, mesmo fã, tem ouvidos abertos para novas sonoridades, com certeza gostará muito deste trabalho.

Isto porque Roger, ao longo de 16 faixas, passeia pelo rock, ska, folk (muito folk), blues e progressivo. Apesar das muitas faixas (um disco hoje em dia tem no máximo 10 ou 12) a audição rola macia e rápida, até porque as músicas têm em média curtos 3 minutinhos.

Glover toca, além do baixo, guitarra, gaita e teclado. Mesmo assim tem a ajuda de Dan McCafferty (Nazareth), Pete Agnew, Sahaj Tocotin e sua filha Gillian Glover, que tem uma linda voz. Há 10 anos ele não lançava nada novo (o último foi Snapshot, de 2001), mesmo com este álbum praticamente pronto desde 2007. As turbulências que aconteceram em sua vida transparecem neste disco, finalmente lançado.

Destaque para a faixa título, com uma letra divertida, Moonlight, When The Day is Done e The Ghost of Your Smile. Mesmo bobagens como The Car Wont Start fluem bem durante a audição. Pra terminar honrando o passado hard, Feeling Like a King fecha com chave de chumbo.

Ótima supresa, tanto para fãs como para iniciantes na obra deste senhor. Clica lá na capa pra você conferir in loco. Nota 8 no Paletômetro do Experience.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Rock News: The Zombies lança álbum comemorativo, "Breathe Out, Breathe In"

A banda The Zombies lança seu novo álbum de estúdio para comemorar os 50 anos de formação do grupo. “Na verdade é o aniversário de nosso primeiro ensaio”, comentou entre risadas o tecladista e vocalista Rod Argent.

O disco se chama “Breathe Out, Breathe In” e traz 10 faixas, com três regravações: “Shine On Sunshine”, “Christmas For The Free” e “Any Other Way”. O álbum foi lançando no Reino Unido pelo selo Red House Records.

A atual formação do The Zombies conta com Tommy Toomey (guitarra), Jim Rodford (baixo) e Steve Rodford (bateria), além de Blunstone (voz) e Argent (teclado, voz). O guitarrista original da banda, Paul Atkinson, morreu em 2004.

Confira a ‘tracklist’ do álbum:

01. Breathe Out, Breathe In
02. Any Other Way
03. Play It For Real
04. Shine On Sunshive
05. Show Me The Way
06. A Moment In Time
07. Christmas For The Free
08. Another Day
09. I Do Believe
10. Let It Go
fonte: Rock Online



Já ouvi e achei bem legalzinho, apesar de em nada lembrar o som feito pelos caras lá nos antigamentes. Vale uma audição, clicando lá na capinha, como de costume... Para mim é nota 7.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Review: Fleet Foxes, Helplessness Blues

Demorei a escrever sobre este CD lançado em março pelos americanos do Fleet Foxes, mas foi para me afastar do choque que sofri ao ouvir seu primeiro disco e poder fazer uma análise mais isenta. Afinal, não é novidade para ninguém que o Fleet é hoje minha banda de cabeceira, com um instrumental apurado, vocais únicos e um clima folk que não se via desde os bons tempos do Crosby Stills and Nash. Se esta é a maior característica da banda, era de se esperar que estivesse presente também neste novo trabalho. E está.

A banda de Robin Pecknold (vocal e guitarra) mantém o clima do primeiro disco e seus companheiros Skyler Skjelset (guitarra e mandolin), Christian Wargo (baixo, guitarra, vocal), Casey Wescott (teclado e vocal) e J. Tillman (bateria, vocal) continuam afinadíssimos.

O trabalho já começa em ótimo nivel com Montezuma. Sim Sala Bin e Battery Kinzie mantém o nível no alto, tanto na composição como na execução, com uma sonoridade que remete às trilhas sonoras dos anos 60. Na sequência, destaque para Helplessness Blues (que dá nome ao álbum) e Lorelai. The Shrine/An Argument soam um pouco longas demais, mas logo depois a doce Blue Spotted Tail e Grown Ocean, melhor do disco para mim, fecham com chave de ouro.

A sensação final é de um disco suave, uma audição que simplesmente flui e quando você vê, acabou o CD. Aí é só ouvir de novo ou colocar o outro trabalho deles. Pronto, o nível está mantido.

Analisar discos é complicado e depende de muitos fatores, entre eles o momento em que você os ouve. Talvez apenas isso me impeça de colocar este Helplessness Blues no mesmo nível do disco de estreia dos caras (Fleet Foxes, de 2008). É provável que daqui algum tempo os veja ombro a ombro. Só o tempo irá dizer, mas falta pouco para isso!

Clica na capinha lá em cima pra ouvir!
Lá embaixo, a ótima Grown Ocean.



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Review: Paul McCartney no Rio



Finalmente, 21 anos depois e 360 reais mais pobre, corrigi uma injustiça familiar histórica e assisti ao show de Sir Paul McCartney in loco. Claro que um hiato tão longo não terminaria de forma fácil, com uma apresentação arrancada à forceps do meu carma musical. Mas vamos aos fatos.

Nas semanas que antecederam ao show, muita gente me perguntava "e aí? ansioso". E eu nada. Sei lá, um misto de "tô nem aí pra esse velho caduco" com "não me caiu a ficha". A realidade é que não estava mesmo, até a véspera, quando comecei os preparativos. Assisti um DVD desta turnê (Kiev), ouvi o show de Nova York e o Paul is Live, de 1990.

Uma lacuna aqui para esta comparação e para um dos motivos do meu ar blasé para este show: acho esta banda do Paul a pior de todos os tempos. Livro a cara do baterista Abe Laboriel que bate direitinho. O guitarrista Rusty Anderson tem entre seu maiores sucessos Living la Loca Vida de Rickie Martin (!!!) e guitarra-baixo Brian Ray parece imitar o Steven Tyler o tempo todo. Pra quem jé teve Danny Lane, Robbie McIntosh e até David Gilmour recentemente, me parece muito pouco.


Voltando ao show, chegamos de carro ao Engenhão, cheio só em dia de show ou jogo do Flamengo. Estacionei tranquilamente (tenho os meus macetes de torcedor) e então enfrentamos a fila: das 4 às 6, com uma rigorosa revista que não poupou nem nossos toddynhos e biscoitos de maizena. Ingredientes que só o McGaiver poderia tranformar em bomba. Na verdade, bomba mesmo eram os preços lá dentro!

No mais, muita segurança (pertinho do German Complex, BOPE na rua), tudo organizadim, bunitim e limpim. Antes do show um DJ ficou fazendo merda (novidade) nas músicas dos Beatles e foi muito aplaudido quando terminou e saiu do palco. Finalmente ia começar!

E aí volto a toda a minha preparação para o show. O set list que eu imaginei já foi pro espaço, com Hello Goodbye no lugar de Drive my Car. A ótima 1985 incluída e a linda Here Today, composta para Lennon. Claro, as surradas Let It Be, Long and Winding Road e Yesterday apareceram, músicas que nem ele deve aguentar mais.

Numa carreira de quase 50 anos, claro que tem coisa que ficou de fora. Adoraria ter ouvido Ram On (tocada em Porto Alegre), The Back Seat of My Car ou Looking for Changes, mas seria pedir demais. Seria preciso um show de 6 horas para caber tudo de bom que esse senhor já produziu.

A sensação é dificil de descrever. Nem tanto pelo show em si, mas mais pelo significado das canções. No meu caso em particular, cada uma me lembra um momento de infância ou das bandas que tive. O nó na garganta demorou uns 15 minutos para desatar e depois relaxei e pude curtir melhor o show. É incrível como mesmo em um show que tem tudo para ser previsível, Paul nos surpreende, seja com seu carisma ou com sua vitalidade, na flor dos 68 anos.

Paul na verdade é como um tio que sempre esteve presente, que de vez em quando aparece para fazer uma visita. Esteve presente em tantos momentos que tornou-se íntimo. Acho ridícula e deprimente reações do tipo "ele passou a 2 metros de mim buá!!!". Isso é apenas um culto à celebridade sem sentido. Paul nada seria sem sua música e vice versa. Isso que importa, o artista e sua obra. O homem Paul é uma pessoa como eu ou você.

Duas horas e meia depois, fim de show e parecia que eu estava mais cansado que ele. Hora de sair no meio da muvuca e retornar a Nickity City, do outro lado da poça. Valeu? Claro que sim! Daqui 20 anos vou olhar para trás e lembrar deste momento com carinho, como hoje lembro dos Rolling Stones em 1995. Na minha lista ficam faltando agora o Clapton e o Pink Floyd. Um ainda dá pra ver!

Aí embaixo o set list completo do show de ontem.

1) "Hello goodbye"
2) "Jet"
3) 'All my loving"
4) "Letting go"
5) "Drive my car"
6) "Sing the chances"
7) "Let me roll it"
8) "Long and widing road"
9) "1985"
10) "Let em in"
11) "I´ve just seen a face"
12) "And I love her"
13) "Black bird"
14) "Here today"
15) "Dance tonight"
16) "Mrs Vandebilt"
17) "Eleanor Rigby"
18) "Something"
19) "Band on the run"
20) "Ob-la-di, ob-la-da"
21) "Back in the USSR"
22) "I gotta feeling"
23) "Paperback writer"
24) "A day in the life"
25) "Let it be"
26) "Live and let die"
27) "Hey jude"
28) "Day tripper"
29) "Lady Madonna"
30) "Get back"
31) "Yesterday"
32) "Helter Skelter"
33) "Sgt. Peppers lonely hearts club band"

terça-feira, 10 de maio de 2011

Review: John Fogerty (Belo Horizonte, 07/05/11)


A três semanas de fazer 66 anos e em excepcional forma, John simplesmente estraçalhou. Uma aula de rock’n roll talvez seja a definição mais adequada para o magnífico show do eterno vocalista do Creedence. O melhor do ano e um dos mais empolgantes que tive a oportunidade de assistir.

Pontualmente às 22h as luzes se apagaram e os acordes da tradicional “Hey Tonight” abriram o show. A recepção da platéia foi muito calorosa, realmente acima da média, e foi retribuída por JOHN com uma aditivada versão da sensacional “Green River”.

“Aditivada”, aliás, é uma palavra que dá bons contornos ao show. Se alguns músicos baixam tons para minimizar as mazelas do tempo sobre a performance, FOGERTY fez questão de cantar e tocar mais rápido, mais alto e com mais tempero. Há alguns meses um crítico musical escreveu algo como “John deve ter um pacto com o diabo para manter a mesma voz e a mesma energia durante quase 50 anos de carreira”.

Em seguida, JOHN me arrepiou pela primeira vez, lembrando agosto de 1969, quando o Creedence tocou em Woodstock. Citou Janis, Hendrix e seu amigo Carlos Santana e disse que quando voltou para casa, lembrando da chuva e do histórico festival, compôs a música que viria a seguir, a mágica “Who’ll Stop The Rain”. Incomparável...

Outra linda balada, “Lodi”, a country-roqueira “Lookin’ Out My Back Door” e a completamente rocker “Born On The Bayou” deram continuidade ao repertório predominante dos hits do Creedence. O desfile de clássicos era tão grande e emendado de forma tão rápida que sequer dava tempo de respirar.

FOGERTY foi muito simpático durante todo o show. Deu palhetas à platéia, fez piadas, posou para fotos com o pessoal que estava na cerca e conversou nos intervalos de todas as músicas. O brincalhão chegou ao ponto de colocar um capacete dos Stormtroopers de Guerra nas Estrelas, entregue por uma fã da pista, e andar como um zumbi desorientado.

Na sequência veio “Ramble Tamble”, o mais espetacular momento da noite. A canção é uma das mais virtuosas do Creedence e um dos melhores solos de JOHN, mas por aquelas circunstâncias inexplicáveis ficou relegada à condição de “b-side”. Os quase sete minutos marcaram um inesquecível duelo entre os solos de Fogerty e a pegada do ótimo batera Aronoff, levando a platéia ao delírio.

Em seguida, mais Creedence... As raízes da soul music afloraram na soberba “Midnight Special”, voltando a dar lugar ao country na alegre “Cotton Fields”.

Todas as influências de FOGERTY ficariam bastante visíveis ao longo da noite. Nos riffs, solos e conduções percebemos de que forma ritmos como o blues, a rockabilly e o rock, e caras como Jerry Lee Lewis, Little Richards, Carl Perkins, Elvis e Roy Orbison, tiveram sua parcela na criação do Creedence.

Só na décima música JOHN resgatou sua carreira solo, tocando a ótima “Don't You Wish It Was True”. Foi o tempo ideal pra galera respirar um pouco, já que na sequência o rock’n roll clássico voltou com tudo na sempre imperativa “Run Through The Jungle”.

A esplêndida “Long As I Can See The Light” lubrificou os olhos da platéia, amolecendo o coração de todos para “I Heard It Through The Grapevine”. O clássico do soul, transformado em rock’n roll, foi a plataforma de virtuose de toda a banda. Os solos se multiplicaram e a atmosfera do ginásio ficou completamente anos 70...

“Somebody Help Me” retomou o período pós-Creedence e também deixou uma impressão positiva. A música, do disco Revival (2007), apresentou ótimo peso e guitarras afiadas que agradaram a galera camisa preta.

Mais uma canção inesperada veio na sequência, quando a banda começou alguns acordes diferentes, mais roqueiros, mas que traziam na essência uma das minhas músicas favoritas. A arrebatadora balada “Wrote a Song For Everyone” me proporcionou aquele frio na barriga que faltava.

JOHN disse, então, que a próxima música seria uma das suas preferidas e que sempre o fazia lembrar de seus filhos. Surge o hino “Have You Ever Seen The Rain”, cantado em uníssono pela galera, emendado a uma versão bem rocker de “Pretty Woman”, do inesquecível Roy Orbison.

Quase sem parar inicia a pedrada “Keep On Chooglin’’’, outra pérola obscura do Creedence. JOHN apresentou uma performance toda particular de guitarra e harmônica, incendiando o público. Para muitos foi o maior momento do show.

“Down On The Corner” passou um pouco despercebida em todo o contexto, mas foi a ponte para que FOGERTY voltasse a empolgar, desta vez com “Good Golly Miss Molly”, de Little Richard. A música já havia sido gravada pelo Creedence no álbum “Bayou Contry”, em 1969, mas não tão roqueira, agora tocada com três guitarras frenéticas e mais violão e baixo na base.

“Bad Moon Rising” veio a seguir. Uma música simples, sem maiores atributos técnicos, mas cuja batida colocou todo mundo em movimento, dançando, sacudindo a cabeça ou a perna ou mesmo estalando os dedos.

O “encerramento” foi com um dos seus maiores sucessos solo, “The Old Man Down The Road”, de 1985, e com “Fortunate Son”, um dos mais famosos hinos contra a Guerra do Vietnã e definitivamente a música certa para fechar um show.

A volta para o palco foi impecável, também com músicas escolhidas à dedo: “Rockin’ All Over The World”, maior hit de JOHN, e “Proud Mary”, um dos pilares do Creedence.

Agradecimentos da banda, baquetas e palhetas atiradas à platéia, luzes acesas, música ambiente tocando, um dos roadies desmontando a bateria. Indícios de final de show, certo?

Errado! O público não arredou pé e gritou “Susie Q, Susie Q”, pedindo mais um retorno. Dois minutos depois, quando muita gente procurava as saídas, FOGERTY retornou e trouxe a banda à tira colo para a imprevista finaleira. No improviso, a banda cochichou, combinou e arrepiou a todos com uma versão irada de “Blue Suede Shoes”. Uma canção do Rei Elvis era realmente tudo o que poderia estar faltando “coroar” a noite.
fonte: Whiplash


Esse eu perdi... mas ele volta, com certeza!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Review: Ronnie Wood - I Feel Like Playing

Que Brian Jones é o verdadeiro espírito dos Rolling Stones não há quem duvide. Desde sua morte a banda meio que perdeu o prumo, apesar de ter como solista Mick Taylor, que deu uma carga mais blueseira e em seguida, Ronnie Wood, que está no cargo até hoje.


Apesar de ter sido o último a se juntar aos Stones, Ronnie é o solista há mais tempo na banda (lá se vão mais de 30 anos) o que associou ao som da banda sua pegada na guitarra.


E é justamente esta tal pegada que a gente sente ouvindo I Feel Like Playing, seu nono disco de inéditas solo, lançado em setembro. A gente entende porque os Stones soam assim nos últimos 30 anos, e vamos além: vê que eles poderiam ser bem melhores.

Apesar de identificar essa sonoridade Stone, Ronnie vai além ao acrescentar sua boa voz às músicas. Mesmo com bobagens como o reggae Sweetness My Weakness, o disco apresenta ótimas canções como Lucky Man, o blues I Gotta See, Catch You e I Dont Think So. Esta sensação de estar ouvindo um disco dos Stones nos faz ir até o final da audição numa boa, num clima familiar.

Na capa, um arte do próprio Ron, que tem como hobby a pintura. No estúdio, Wood teve o reforço de Eddie Vedder, Flea, Slash, Billy Gibbons (ZZ Top) e Ian McLaggan (The Faces). Nenhum membro dos Stones. Pra que?


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Review: Neil Young - Le Noise

Tem artistas que tornam difícil o trabalho de avaliação de um cd, em parte pela sua obra, em parte pelas militância dos fãs. Veja bem, não sou crítico e nem quero ser. O que procuro é só falar de um disco novo e dar minha opinião. Para isso ouço algumas vezes e levo em consideração os trabalhos anteriores mais recentes.

Avaliar Neil Young é mais complicado ainda, porque ele tem uma obra imensa, fãs xiitas e está sempre com material novo no mercado. Seu mais recente é do ano passado, o engajado Fork in the Road, que avaliei aqui no Experience como bom (4 palhetas).

Le Noise não é apenas o nome e o conceito do disco. Ele é uma referência ao produtor Daniel Lenois, que tem em seu portfólio gente como o U2. O barulho em questão pode ser a grande carga de guitarras distorcidas no disco, mas pode ser também o teor ainda engajado nas letras.

Definir Le Noise é difícil. Poderia ser Folk Metal, mas eu diria que é "um Overdrive e um violão". Não estou falando de músicas pesadas, mas de apenas voz e guitarra pesada. Young usa e abusa do peso, na minha forma de ouvir, até de uma maneia gratuita às vezes. Isso se repete tanto que quando chegamos na terceira faixa (Someone's Gonna Rescue You), a sensação é de que ouvimos a mesma música até então. A seguinte, Love and War, chega com um clima de oásis, de descanso auditivo. Talvez seja a melhor do cd, junto com Peacy Vally Boulevard, curiosamente as mais acústicas.

No mais, Mr Young continua inquieto, produzindo e com a voz primorosa. Se este disco é inferior ao anterior? Para mim é. Mas para Neil Young, isto não importa! É audível!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Review: Robert Plant, Band of Joy

Recentemente tivemos vários boatos sobre uma possível volta do Led Zeppelin. Todos foram frustados pelas negativas do Sr. Robert Plant. Primeiro, devido ao disco Raising Sand, que ele gravou com a cantora country americana Alysson Krauss. O cd foi muito bem e ganhou uma penca de Grammys.

Mas quando a turnê com Alysson terminou, os fãs do Zeppelin voltaram a nutrir a esperança de um retorno da banda. Em vão. Robert Plant agora dedica-se ao disco Band of Joy, lançado hoje na Inglaterra. E na boa, ouçam este disco.

Nele Plant parece reencontrar o prazer de cantar. Como uma volta ao passado, ele interpreta várias canções dos primórdios do rock. Isto está claro no nome do trabalho: Band of Joy era o nome da banda em que ele cantava, antes de ser convidado para montar o Led Zeppelin.

No disco Plant passeia pelo rock, blues, folk e country, amarrando bem suas influências. Dá até para pegar uma sonoridade Zeppeliniana como na faixa Monkey. Mas definitivamente, os anos passados com Alysson Krauss pesaram na escolha do set list.

O resultado é um disco heterogêneo e fácil de ouvir, onde a voz de Plant está valorizada dentro dos arranjos. Me arrisco a dizer que talvez seja seu melhor material pós-Led. E se é mesmo bom assim, para que voltar ao Led e fazer de novo o que já foi feito? Melhor que aturar as pirraças do Page...

Dá um clique lá em cima e confere. Depois comenta aí embaixo!

Tracklist:
01. Angel Dance
02. House of Cards
03. Central Two O Nine
04. Silver Rider
05. You Can’t Buy My Love
06. Falling in Love Again
07. The Only Sound That Matters
08. Monkey
09. Get Along Home Cindy
10. Harms Swift Way
11. Satan Your Kingdom Must Come Down
12. Even This Shall Pass Away




segunda-feira, 5 de julho de 2010

Review: Novo disco reúne as primeiras gravações de Crosby, Stills & Nash, em versões cruas de alguns sucessos

"Demos" pode até ser um assumido projeto caça-níqueis, raspa de tacho, reunindo em suas 12 faixas versões tiradas de fitas demo gravadas entre 1968 e 1971 por David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash. Mas, editado nos Estados Unidos há um ano e agora no Brasil, pela Warner, é também um disco que vale o investimento, tanto para aficionados do trio quanto para aqueles que só agora estão descobrindo um dos primeiros supergrupos dos anos 60 e 70. E esses rascunhos de canções, lançadas depois nos álbuns de Crosby, Stills & Nash ou em discos solo de cada um, soam melhores do que muito do que eles gravaram em seguida.

Ao se encontrarem na então flower power da Califórnia de 1968, os três vinham de bem-sucedidas carreiras no rock. Crosby despontara nos Byrds, uma das muitas respostas americanas à invasão britânica de Beatles, Stones e companhia; Nash largara os Hollies, do segundo escalão da tal brigada britânica; enquanto Stills fora do Buffalo Springfield, grupo que também contou com o canadense Neil Young, que um ano depois se juntaria aos três. Como trunfo, além do bom repertório original, eles tinham o instrumental acústico, calcado principalmente em seus violões e sofisticadas harmonizações vocais. Remando contra a maré elétrica e barulhenta de Jimi Hendrix, Cream (com Eric Clapton), Jeff Beck Group, Led Zeppelin (com Jimmy Page) e demais guitar heroesres que na época ditavam as regras da cena roqueira, o Crosby, Stills & Nash virou uma referência para muitos dos cantores e compositores da cena folk-rock que proliferaram na década de 70.

O álbum de estreia, "Crosby, Stills & Nash", em maio de 1969, virou um clássico instantâneo e está representado em três demos: "Marrakesh Express", a única demo gravada com o trio completo; e "You don't have to cry" e "Long time gone", estas rascunhadas, respectivamente, por Stills e Crosby & Stills.

Em março de 1970, foi a vez de outro álbum clássico, "Déjà vu", já como um quarteto - Neil Young entrou para o grupo a tempo de participar, em agosto de 1969, do Festival de Woodstock. Desse disco vêm duas composições de e com Crosby, "Almost cut my hair" e a faixa-título. Em abril de 1971, eles ainda lançaram o álbum ao vivo "4 Way Street", que traz duas outras canções cujos rascunhos agora vêm a público, "Chicago" (de e com Nash) e "Love the one you're with" (de e com Stills).

O restante da coletânea traz material depois editado nos seus discos individuais. Canções tão boas quanto as do grupo, com destaque para "Music is love" (faixa do primeiro disco solo de David Crosby, que a interpreta nessa demo acompanhado de Young e Nash) e "Sleep song" e "Be yourself" (ambas de e com Nash). "Demos" que, quatro décadas depois, valem muito.
fonte: O Globo


O texto acima (ótimo, por sinal) termina muito bem, assinalando que são demos que valem ser ouvidas, ao contrário dos caça níqueis que andam por aí. Por outro lado, acho que são material para iniciados na obra de Crosby, Stills and Nash. De qualquer forma, leva uma nota 7! Clique lá na capa para aquela surpresa básica. Depois comente aqui!

sábado, 12 de junho de 2010

Review Especial: Layla and Other Assorted Songs

Hoje é dia dos namorados e para comemorar lá vai um Review especial de um dos maiores discos da história do Rock: Layla and Other Assorted Songs, do mestre Eric Clapton. Para falar deste disco é importante precisar o momento em que Eric vivia, com suas aflições e dramas particulares.

Era o auge da paixão que ele sofria (a palavra é exatamente esta) por Pattie Boyd, que era então, nada menos que a senhora George Harrison, seu melhor amigo. Além disso Clapton vinha das decepções com o Cream e com o Blind Faith, o que o levou a escolher um codinome para sua banda. Em 1970, escolheu Derek and the Dominos, e tomou o cuidado de divulgar a banda sem citar seu nome.

Participavam ainda o baixista Carl Radle e o baterista Jim Gordon, que Eric conhecera quando excursionou com Delanie e Bonnie Bremmet. Eric chorou ao longo de 14 faixas seu amor reprimido por Pattie Boyd, com o óbvio destaque para Layla, considerada o maior clássico da história do rock. Mas há ainda outras sonzeiras como Bell Bottom Blues, Nobody Knows You When You Down and Out, Key to the Highway, Tell the Truth e Have You Ever Loved a Woman, além de uma versão para Little Wing, de Jimi Hendrix.

Diz a lenda que Clapton, quando teve a primeira master pronta, chamou Pattie para mostrar o resultado. Ela teria ficado apavorada, porque finalmente entendera o amor que o amigo de seu marido tinha por ela. Para ela, todos saberiam o que as músicas significavam, mas não foi isso que aconteceu. Clapton teria que esperar até março de 1979 para casar-se com ela, em um relacionamento que durou apenas até 1988. Já o Derek and the Dominos durou menos ainda, apenas este disco, que contou ainda com Duane Allman (guitarra) e Bob Whitlock (teclados e violão).

A cotação para este disco? A melhor possível! Obrigatório!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Review: John, por Cinthya Lennon

Sempre digo que é muito importante separarmos o autor de sua obra, para que qualquer análise aconteça de forma minimamente isenta. Claro que tudo que um artista vive acaba refletindo em sua obra, mas há casos em que o que vemos é justamente o oposto. É o caso de John Lennon, um dos mais incensados ícones do rock. Falar mal dele aqui é certeza de emails mal criados e comentários amargos no blog. A essas pessoas, não recomendo o livro em questão.

O fato é que nós nos acostumamos a conhecer a história de Lennon a partir da versão contada por sua segunda esposa, Yoko Ono. Pela primeira vez, Cinthya resolveu abrir seu baú de memórias e expor o lado humano da lenda. E isso com certeza poderá chocar alguns fãs mais xiitas. Sempre tida como a "namorada adolescente", Cinthya mostra que ela viveu o auge da beatlemania e pagou o preço por ter sido namorada e esposa de John. Aliás, conta como Brian Epstein a aconselhou a esconder-se, alegando que seria melhor para a imagem da banda se todos fossem solteiros.

O baú também expoe o lado instável de John, que oscilava entre momentos carinhosos e violentos, tendo chegado a agredir Cinthya fisicamente. Escancara também sua relação com a família, sobretudo com Tia Mimi e sua criação autoritária. Os Beatles tem destaque no livro, assim como a relação entre John e Paul, descrita por ela como muito próxima, mesmo depois do fim da banda.

Claro que o destaque é para o fim do seu casamento e o envolvimento de John com Yoko e todos os problemas gerados por isso. Um lado pouco nobre de Yoko também é exposto, o que vai gerar a ira de alguns e júbilo de outros. Julian também recebe atenção especial, assim como Sean, May Pang e os anos seguintes à morte de John. Aliás, vem de Julian uma das frases mais marcantes do livro, quando ele pergunta a mãe "por que papai pede que as pessoas vivam em paz e é tão violento comigo?".

O fato é que é obra indispensável, simplesmente por ser um lado da história que até então não havia sido ouvido. Yoko Ono promete para breve sua versão da história. Será que um dia teremos uma versão definitiva? Duvido. Lennon deixou de ser uma história e passou a ser simplesmente uma lenda.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Review: Ringo Starr, Y Not

Uma coisa que sempre me deixa profundamente incomodado é a má vontade que muita gente (incluindo músicos) tem com o bom e velho Richard Starkey. E pode incluir aí neste balaio boa parte da mídia que nunca deu merecida importância à sua carreira solo. Bom, eu dou!

Ringo vem tendo uma carreira bastante produtiva, sobretudo nos últimos anos. Lançou há apenas 2 o nostálgico Liverpool 8 e agora chega com Y Not, que marca tambám sua estréia como produtor musical. O cedê conta ainda com as participações de Joe Walsh e, claro, de Paul McCartney que participa na balada Walk With You. Destaque também para Fill in the Blanks e Peace Dream.

Na minha opinião, o maior mérito do Ringo é justamente conservar a sonoridade beatle. Cada faixa traz um efeito deja vu, as músicas soam familiares. Muitos podem considerar isso repetitivo, mas para mim, ele é apenas fiel às suas raizes no rock and roll, sem invencionices. É como se fosse uma espécie de Erasmo Carlos britânico.

Portanto caros leitores (e prima), deem atenção ao Tio Ringo. Y Not vale a audição, descompromissada e divertida, com ares de infância para quem tem a minha faixa de idade, de retrospectiva para os mais velhos e, espero, de descoberta pra molecada. Pinta o primeiro candidato ao Dummy de melhor CD de 2011! Por que não?


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Review: Aconteceu em Woodstock, de Elliot Tiber

Que foi uma loucura todo mundo sabe. Que tocaram os melhores músicos e bandas da época também. Mas se você está procurando um livro que conta em detalhes os bastidores dos shows, melhor procurar uma outra publicação. Sim você está certo, o autor Elliot Tiber estava na equipe que organizou o mais famoso festival da história, mas ele mal fala dos shows ou das bandas, assim como do evento em si.

Estão lá também o idealizador Mike Lang e o fazendeiro Max Yasgur, que alugou sua fazenda para que o festival acontecesse. Entretanto, neste Aconteceu em Woodstock, Elliot descreve muito mais sua decadente vida a frente de um hotel à beira da falência, vivendo com os pais idosos e escondendo de todos a sua homossexualidade. Aliás, sobre esse tema não faltam detalhes, alguns muito bem descritos... mas vamos adiante.

Se você ler este livro aceitando que o Festival de Woodstock e as cidades de Bethel e Whitelake são apenas o cenário para a história, vai curtir muito mais seu conteúdo. Confesso que fiquei decepcionado quando notei que o nome do livro não dizia respeito ao show, mas realmente Elliot Tiber conta o que aconteceu em Woodstock... na sua vida pessoal.

A partir deste prisma a história flui e a gente sente como o movimento hippie mudou as pessoas naquele momento da história. Ang Lee gostou e o livro virou filme (que ainda não vi). Vale uma olhada.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Review: Paul McCartney, Good Evening New York City

Gravado entre os dias 17 e 21 de julho de 2009, Good Evening New York City traz o velho Macca em material ao vivo, com grande qualidade neste álbum duplo. Para isso, Paul contou com a ajuda de Geoff Emerick, engenheiro de som e velho companheiro da época dos Beatles.

Também relacionado aos Fab Four está o tema deste show, que foi a inauguração do Citi Field, antigo Shea Stadium que os caras inauguraram nos anos 60, assunto já tratado por aqui. Mas os tempos mudaram muito e com eles as técnicas e equipamentos relacionados a um show.

Quando a gente ouve um cara com uma discografia tão extensa, fica difícil encontrar uma novidade. Quando avalio um CD, procuro comparar com um anterior e nesse caso elegi o Paul is Live, ótimo registro de 1991. Relacionado a este disco, gostei mais do atual, com uma obra mais completa e, por consequência, mais beatlemaníaca. Das 33 faixas, nada menos que 21 são dos Beatles, contando aí homenagens a Harrison (Something) e Lennon (Give Peace a Chance).

Mas ai a coisa fica meio paradoxal. A gente quer novidade ou quer ouvir as velhas conhecidas? As novidades são as do CD Memory Almost Full, como Dance Tonight e Only Mama Knows, diferindo do já citado Paul Is Live, que era um registro da turne do album Off The Ground, com várias músicas deste disco.

A sensação que fica é de um Live com clima de retrospectiva, com um ar nostalgico. O ponto negativo para mim é a banda que o acompanha. Apesar de muitos acharam a melhor que ele já teve, como músico eu acho que ela carece de personalidade. É só lembrar que pouco tempo atrás Paul tocava com ninguém menos que David Gilmour e Ian Paice. Ok, era apenas uma turnê especial (Run Devil Run), mas poderia ao menos manter o nível.

No geral, um bom registro ao vivo, que na caixa original inclui, além dos 2 CDs, um DVD. Este será provavelmente o último do velho Macca, num show com clima de fim de carreira. Mas não estamos falando de uma carreira qualquer né?


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Review: Um Ano na Vida dos Beatles, de Clinton Heylin

Finalmente terminei de ler esse tal ano na vida dos Beatles, que o biógrafo Clinton Heylin tenta pintar com cores psicodélicas. Aliás, levei mais ou menos um ano para ler este livro, coisa rara para mim que em geral devoro publicações com o mesmo apetite dos cds.

E qual o motivo dessa demora? Talvez a forma como o livro é escrito, a forma de narrativa. Clinton passeia não apenas pelos Beatles, mas por toda a cena do pop/rock da segunda metade dos anos 60, envolvendo bandas como Who, The Move, Soft Machine, Pink Floyd e os americanos da costa oeste como Byrds, CSN e, principamente, Brian Wilson e os Beach Boys.

Essa é a parte boa do livro. A parte ruim (e talvez o motivo da tal demora) é o fato que Clinton, tido como o maior biógrafo do rock, escreve muito mais como crítico musical. A sensação durante todo o livro é que ele tenta desqualificar Pepper de qualquer mérito, classificando suas composições como consequencias do abuso das drogas na época. Por várias vezes coloca o Pink Floyd, então com Syd Barret, como mais inovador que os Beatles e foca muito mais em Bob Dylan que em John Lennon.

Mais adiante, apesar da imensa maioria da crítica especializada da época aclamar o disco, dá crédito a apenas 2 críticos americanos que falaram mal do Pepper. A sensação que fica, é de um livro revisionista, que procura despir o sargento de qualquer mérito. Só para exemplificar, para Clinton apenas A Day In The Life e With a Little Help seriam obras dignas dos Beatles e Lucy In The Sky estaria ali só para "tapar buraco".

Concordo que as maiores inovações dos Fabfour não aconteceram no Pimenta, mas nos anteriores Rubber Soul e sobretudo no Revolver. Mas é inegável a importância do Sgt Peppers como retrato de uma época e para a quebra de uma série de paradigmas até então tidos como verdades absolutas no mercado fonográfico.

Apesar disso tudo, ainda acho uma leitura válida, sobretudo pelo aspecto técnico das gravações da época. Entretanto, pode ser uma leitura difícil para os leigos e irritante para os beatlemaníacos. Meia boca para mim...