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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Rock Enredo: Tales of Mistery and Imagination of Edgar Alan Poe

Se muitos não conhecem o trabalho do Alan Parsons Project, o mesmo não pode ser dito de dois nomes que já apareceram nessa coluna. O tal Alan foi o engenheiro de som responsável pelo Abbey Road dos Beatles (1969) e pelo clássico do Pink Floyd, The Dark Side of the Moon (1973).

A boa convivência fez com que o rapaz evoluísse e montasse seu próprio projeto, o The Alan Parsons Project.

O projeto foi inaugurado em 1976 com o macabro Tales of Mistery and Imagination of Edgar Alan Poe, que como você pode deduzir, foi inspirado nas histórias de terror deste famoso escritor americano.

Lançado na Inglaterra apenas como The Alan Parsons Project,
Tales of Mistery and Imagination of Edgar Alan Poe traz o clima de vários contos, a começar pelo sombrio A Dream Within a Dream, uma narração das idéias de Poe.

Em The Raven, um corvo aparece para anunciar a morte daqueles que visita, gritando a frase Never More. Em seguida, a melhor obra do disco. Cask of Amontillado conta uma história ambientada em Veneza, onde dois rivais disputam quem possui o vinho mais raro. Até que um deles consegue um barril do raro Amontillado. Após embebedar o rival, trata de sepultá-lo vivo em uma das paredes de sua adega.



A segunda parte do disco (lado b original) tem com tema The Fall of the House of Usher, um instrumental dividido em 5 partes que conta a história da angustiante viagem de um narrador a casa de um tal Roderick Usher, que vem a tornar-se uma experiência macabra.

Se você puder caro leitor, faça como um fiz: consiga um livro de contos de Edgar Alan Poe e leia-o ouvindo este disco. Você verá como é incrível a forma como Alan Parson conseguiu musicar temas escritos em meados do século XIX, quando o termo rock era apenas uma pedra sem valor. Se puder, ouça também Turn of a Friendly Card e Gaudi, outros dois trabalhos de Alan Parson e sua trupe, que mereciam estar nesta coluna, mas o tempo urge e a Sapucaí é longa.

Assim terminamos esta coluna especial. Espero que todos tenham gostado. Claro que inúmeros discos ficaram de fora, como não poderia deixar de ser. Mas procurei escolher 5 deles, distintos em estilo, mas ricos em qualidade e temática. Cinco obras conceituais. Cinco obras indispensáveis!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Rock Enredo: Journey To The Centre of the Earth

Baseado na obra clássica de Julio Verne, Viagem ao Centro da Terra, o homômino Journey To The Centre of the Earth é o segundo trabalho solo do tecladista inglês Rick Wakeman (o primeiro foi The Six Wives of Henry VIII), que teve também passagens pelo Yes antes e depois deste álbum.

O termo ópera-rock aqui está muito bem empregado. O enredo conta a história de Axel, um jovem alemão que acompanha seu tio, o Dr. Otto Lidenbrock, um famoso geólogo, numa expedição ao centro da Terra, descendo pela cratera de um vulcão inativona Islândia.

Nessa viagem fantástica eles se juntam a Hans, um caçador islandês que lhes serve de guia. Descendo ao subsolo, encontram um mundo pre-histórico subterrâneo, que inclui dinossauros, homens das cavernas, um oceâno com ilhas e até mesmo luz, gerada por um fenômeno elétrico.

A produção do disco foi complicada e deficitária. Rick teve que vender vários objetos pessoais e até mesmo hipotecar sua casa. A gravação do álbum aconteceu no dia 14 de janeiro de 1974, no Royal Festival Hall, em Londres, ao vivo portanto. A verba curta não permitia uma gravação em estúdio, por isso a solução "ao vivo" foi a melhor. Apenas alguns overdubs foram feitos posteriormente.


Para complicar as coisas, a A&M UK não quis produzir o disco. Rick levou-o então para a A&M USA, braço americano da produtora, que topou o projeto. Como recompensa por sua persistência, o álbum alcançou grande sucesso comercial, vendendo mais de 14 milhões de cópias e chegando ao topo das listas de vários países.

Viagem ao Centro da Terra é um livro de leitura obrigatória. O filme é uma bobagem só. O disco é fantástico, tanto em sua composição como em sua execução. Como disse lá em cima o termo ópera rock aplica-se com perfeição, já que estamos falando de uma obra com corais, orquestras e solos. Então, leia o livro, ouça e disco e assista outra coisa melhor.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Rock Enredo: The Wall

Início do fim do Pink Floyd, o álbum The Wall, de 1979 marcou o domínio quase absoluto do baixista Roger Waters como compositor principal da banda, acima dos outros integrantes. A prova disso é o enredo quase auto-biográfico dessa ópera rock (apesar dele negar isso).

O disco conta a história de Pink, um astro do rock que vive em meio ao muro que foi construindo ao longo de sua vida. A mãe super protetora, a perda do pai na guerra, a opressão escolar, a esposa adúltera... cada um deles é um tijolo no seu muro.

A primeira parte do disco trata justamente da construção deste muro psicológico. Clássicos como Another Brick in the Wall e Mother estão neste trecho. O primeiro disco termina com Goodbye Cruel World e a percepção de que o muro fora finalizado, não permitindo mais nenhuma forma de comunicação com o mundo exterior.

O segundo disco começa com Hey You, uma desesperada tentativa de comunicação com o lado de fora do muro. Isso fica claro com Is There Anybody Out There, logo em seguida. O desespero de Pink vai aumentando até Comfortably Numb, ponto alto do álbum na minha opinão. Sem ter como comunicar-se com o exterior, ele viaja para dentro de si mesmo, em algum lugar confortável da infância.

A última parte começa transformando Pink em um lider de postura radical e preconceituosa. Enfileira mais clássicos como In The Flesh e Run Like Hell até que Pink é flagrado mostrando suas emoções em público. Isso o leva a The Trial, um julgamento em sua consciência onde ele é acusado por seu crime e condenado à pena máxima: derrubar o muro. O disco termina com Outside of The Wall e a libertação de todas as suas emoções.

Em 1982 o disco ganhou sua versão para o cinema com a direção de Alan Parker e os geniais desenhos de Gerald Scarfe. Ao contrário de outras adaptações de filmes para o cinema, como Tommy e o próprio Quadrophenia que vimos ontem (ambos do Who), essa é fiel ao conteúdo do álbum, incluindo apenas 2 músicas que não estão no original. Lá embaixo, o video da emocionante When the Tigers Broke Free.

The Wall é obra obrigatória tanto para quem curte rock como para quem estuda psicologia, graças à sua viagem ao subconsciente de Pink. Ouça o disco, veja o filme e assista ao show!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Rock Enredo: Quadrophenia

Lançado em 73, Quadrophenia é a segunda ópera rock do The Who (Tommy de 69, foi a primeira). O disco conta a história de um certo Jimmy, jovem mod inglês. O termo Quadrophenia é uma adaptação da Esquizofrenia, distúrbio onde a pessoa apresenta duas personalidades.

E é justamente aí que começa a ficar divertido. A Quadrophenia seria um distúrbio onde Jimmy apresenta não duas, mas 4 personalidades distintas, onde cada uma delas corresponde a um integrante do Who.

Um cara durão, um dançarino incapaz. (Roger Daltrey)
Um romântico, sou eu por um momento? (John Entwistle)
Um maldito lunático, eu até mesmo carrego suas malas. (Keith Moon)
Um mendigo, um hipócrita, amor, reine sobre mim. (Pete Townshend)

A história
desenvolve-se sob a narração de Jimmy, dividindo-se em 2 partes. Na primeira ele narra as frustrações e inseguranças que marcam sua vida. Família, trabalho, psicanalista... todos apenas contribuem para seus fracassos sociais. No final do primeiro disco, há então a música I Had Enough, onde ele se droga com anfetaminas e parte no trem para Brighton, no litoral. Lá embarca num pequeno bote e rema para uma rocha isolada no mar, onde encontra a redenção na chuva. Townshend sempre teve fixação pela água.

Cada uma das personalidades possui uma música tema. Daltrey surge em Helpless Dancer. Entwistle tem a frenética Doctor Jimmy. O louco Moon tem a tão louca quanto Bell Boy. O encerramento do álbum encontra o perfeito clima de redenção com Love Reign O'er Me, tema de Townshend. No final do disco, na música The Rock, os 4 temas se interligam num genial arranjo.

Em 1979 Quadrophenia ganhou uma versão para o cinema, a exemplo do que já havia acontecido com Tommy. Mas o foco do filme ficou mais na rivalidade entre os mods e os rockers, que marcou a Inglaterra nos anos 60. O filme traz também um jovem Sting no papel do lider mod. Lá embaixo, o trailler do filme.

O fato de ter escolhido Quadrophenia e não Tommy para postar tem uma explicação simples: eu adoro esse disco, estando no meu Top Ten Ever! Quadrophenia reflete o Who na sua melhor forma, Townshend está no seu auge criativo e os arranjos beiram perfeição. Obra obrigatória, sem nenhuma sombra de dúvida.


sábado, 21 de fevereiro de 2009

Rock Enredo: Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band

Impossível começar essa coluna especial sem ser com o que é considerado por muitos o primeiro Rock Enredo da história. A começar com a capa, que apesar do clima de funeral, poderia muito bem ser uma escola de samba vista de frente, cheia de destaques e alegorias.

A idéia surgiu depois que os Beatles simplesmente encheram o saco do pandemônio que rolava nas turnês. Resolveram então criar uma banda imaginária, onde apenas o disco sairia em tour.


A verdade é que o enredo só foi seguido nas primeiras músicas e no final do disco, com a segunda parte da faixa título. Mas o clima circense está presente em todo o álbum, com pitadas de experimentação e um sem número de mensagens obscuras camufladas. Tudo isso temperado pelo auge da psicodelia britânica, que catapultou na mesma época nomes como o Pink Floyd de Syd Barret.


O Sargento é mais que um disco conceitual. É uma obra de arte no sentido mais amplo da palavra, abordando vários aspectos sensoriais. Pela primeira vez uma capa de um álbum teve sua aparência tão valorizada pelo trabalho de Peter Blake. Os geniais arranjos de George Martin não estimulam apenas nossa audição, mas é possivel sentir o cheiro do circo em Being For Benefit of Mr Kite. E em A Day in The Live é possivel sentir as mãos sujas pela tinta do jornal desfolhado por Lennon.


Portanto, enredo nota 10 para os Beatles e o Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, de 1967.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Blog'n'Roll: O Enredo do meu carnaval

Todos sabem o quanto eu adoro o carnaval. Gosto tanto que espero o ano inteiro para poder me enfiar no meio do mato durante os dias de folia momesca, poupando-me das fantasias que abundam (bunda é o que mais tem) nesta época. Mas fiquem tranquilos, vocês não ficarão sem posts durante esse feriadão.

Pra quem lembra, no carnaval passado soltei a coluna especial Bateria Nota 10, uma coletânea com alguns dos bateristas mais influentes do rock como John Bonham e Keith Moon. Este ano a coisa vai ser um pouco diferente, mas o clima de escola de samba ainda estará (um pouco) presente.

Entre sábado e a quarta de cinzas, teremos a coluna especial Rock Enredo, falando de discos clássicos que tem em comum o fato de possuírem um enredo próprio, contando uma história de cabo a rabo, da primeira à última faixa.

Eles são o que muitos chamam de "disco conceitual". Um tema interligando as músicas, formando uma idéia mais ampla no final da audição. Em tempos de MP3 player, onde as pessoas ouvem tudo na ordem errada, isso soa mais como aberração, mas acredite nobre leitor, essa é a forma correta de ouvir a maior parte dos discos. Imagine só uma escola entrar na avenida com as baianas na frente, em seguida ter a velha guarda e deixar para o final a comissão de frente. É assim que funciona com os discos. Se tirar da ordem, a harmonia e a evolução vão pro espaço!

Portanto, não perca: a partir de sábado e até quarta, um disco por dia, só conceituais, só rock-enredo!