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sábado, 22 de outubro de 2011

Luthieria: Fender Stratocaster

Um dos posts mais visitados desde blog é o que fala sobre a vida de Leo Fender, fundador da empresa com seu nome e inventor do instrumento que conhecemos como guitarra elétrica. Ele começou sua revolução pelo modelo Telecaster, estória que já contei aqui, mas o auge da marca veio com a evolução da Tele, a famosa Stratocaster.

Se você pedir para uma criança desenhar uma guitarra, ela provavelmente desenhará uma Strato. Mesmo nós, quando imaginamos uma guitarra, talvez este seja o modelo que logo vem a mente. Imagine então a revolução que ela provocou quando veio ao mercado em 1954.

É importante lembrar que até então as guitarras eram, exceto pela Telecaster, basicamente adaptações ou evoluções de um violão. A própria Gibson Les Paul conserva os contornos de um violão, apesar de ser sólida. Leo Fender, junto com George Fullerton e Freddie Tavares evoluiram o design da Telecaster até chegar neste modelo.

A primeira coisa que se vê são os acessos duplos, o double cutaway. Os captadores agora são 3, sendo um na ponte, um no meio do corpo e o terceiro junto ao começo do braço. O headstock ganhou um design que virou sinônimo de Fender e o braço inicialmente tinha a escala clara, produzida em Maple. Já a madeira usada no corpo no começo era o Ash, surgindo mais tarde a opção em Alder, mas hoje a Strato é tão copiada por outras marcas que é possível encontrá-la com os mais diversos tipos de madeira, como Cedro ou até mesmo Mogno. A pintura original era a sunburst, com outras cores sendo pedidas sob encomenda.

Voltando aos captadores, outra marca registrada da Stratocaster é seu escudo, onde são fixados. A adoção do escudo facilitou muito a manutenção da guitarra, já que toda a fiação ficava em um local de fácil acesso, bastando remover os parafusos. A chave de 5 posições possibilitava uma variedade de timbres muito maior. Também presa por parafusos é a tampa da ponte, outra grande inovação: presa por molas e com a alacanca do tremolo, possibilitou novas sonoridades aos guitarristas nos distantes anos 50.

Aliás a sonoridade é grande característica da strato. Atraiu seguidores e detratores, uns elogiando seu sou brilhante e estalado, outros criticando justamente o timbre as vezes estridente. Mas é indiscutível que é o modelo mais versátil.

Apesar do sucesso inicial, Leo Fender resolveu vender sua companhia para a CBS em meados dos anos 60. A Stratocaster conheceu então um período de popularidade baixa, que só foi se reeguer em meados dos anos 70.

Atualmente a própria Fender produz modelos com as mais diversas características, com escala clara ou escura, setups de captadores específicos, ponte fixa em modelos mais baratos e com uma diversidade de cores e madeiras imensa. Existem várias linhas, que variam com o nome e com o local de produção (Squier, Bullet, Afinitty, ect), assim como o preço. O headstock também evoluiu ao longo dos anos, de um shape mais "gordinho" e arredondado para outros mais retos e voltou ao original nos modelos vintage.

Hoje é o modelo sinônimo de guitarra, com seu design copiado por vários fabricantes e, ainda hoje atual, mesmo mais de 50 anos depois de sua criação. Tem nos seus entusiastas Eric Clapton, Robert Cray, Mark Knopfler, David Gilmour e, considerado o maior por muitos, Jimi Hendrix. Aí embaixo, o cara!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Luthieria: Fender Rhodes

Voltando com outra coluna que anda esquecida, hoje para meu amigo Ricardo Mann. Completam-se hoje 66 anos da invenção de um instrumento que, assim como a guitarra elétrica ajudou a mudar a forma como fazemos e ouvimos música. O piano Fender-Rhodes. Mas a sonoridade que conhecemos dele, assim como na história de Leo Fender e suas guitarras, levou muito tempo para se consolidar.

História
Começou em 1942 quando Harold Rhodes, músico e inventor, foi contratado pelo exército americano para criar um pequeno piano que soldado feridos e mutilados pudessem tocar deitados em uma cama. Ele criou então um modelo com apenas 29 teclas, usando alumínio reciclado de bombardeiros B-17! Mais tarde, em 1945, consolidou a invenção com o Pre Piano, esse aí em cima.

A coisa começou a disparar em 1946 com a parceria com Leo Fender. Logo de cara criaram o Piano Bass (aí embaixo) que, como o nome sugere, tinha 32 notas graves. É importante lembrar que o contra-baixo ainda não existia como conhecemos hoje e fazer os graves em um show era bem complicado. Criaram ainda outros modelos, mas de vendas discretas.

Com a venda da Fender para a CBS em 1965, Harold teve mais liberdade para fazer seus experimentos. Em 1969 finalmente veio ao mercado o Fender-Rhodes Mark I Stage Piano, que revolucionou a sonoridade das bandas, tanto de rock e blues, como de jazz. Era um modelo com 73 teclas, mas já em 1970 um modelo com 88 notas veio ao mercado. A consolidação veio com o Mark II, já no final dos anos 70, quando o instrumento era amplamente conhecido e utilizado.

Como Funciona?
Vocês devem estar se perguntando por que eu estou escrevendo sobre um piano, se eu toco guitarra. Bom, a verdade é que, além do seu invento rudimentar estar completando aniversário hoje, o funcionamento do Fender Rhodes é bem parecido com o de uma guitarra elétrica.

Um piano comum produz som quando um martelo, acionado pelo teclado, atinge uma corda esticada. Já no Fender Rhodes, o martelo atinge um diapasão que tem seu som amplificado por um captador, dando aquela sonoridade de um sino. Ao contrário de um piano convencional, ele precisa ser plugado em um amplificador para produzir som e o mais usado (e recomendado) era o Fender Twin Reverb 2x12, opção de muitos tecladistas até hoje.

Legado
Hoje, já no modelo Mark 7, o Rhodes é produzido pela Roland, mas mantém a grife. Apesar de ser encontrado em praticamente todos os sintetizadores, ao vivo seu timbre continua único e inconfundível. Pode-se dizer que sua utilização mudou a forma como as bandas compunham seus arranjos, tanto no estúdio como ao vivo. Está ombro a ombro com outras marcas como o Hammond (anos 50 e 60), o Melotron, (anos 60) e o Moog (anos 70).

Aí embaixo um exemplo clássico, conhecido e mais que citado: Get Back, com Billy Preston no Fender Rhodes, mostrando que já em 1969 os caras estavam usando o bichinho!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Luthieria: Fender Telecaster

Há poucos dias escrevi aqui sobre Leo Fender e suas grandes inovações, que tornaram a música como a conhecemos hoje. A mais importante delas é, sem sombra de dúvida, a guitarra que ficou famosa como Telecaster, mas sua história é ainda mais interessante.

A Tele é uma guitarra de corpo sólido, com 2 captadores e braço fixo por parafusos. Essa simplicidade, tanto na construção quanto para reparos, fez com que ela se tornasse a primeira guitarra elétrica de produção em série. O projeto começou nos anos 40, tomando como base a Rickenbaker Bakelite, uma guitarra havaiana com um captador. Em 1950, Leo criava então a Fender Esquire, também com um único captador e cujo formato já lembrava em muito a Telecaster atual.

Este modelo inicial teve cerca de 50 instrumentos construídos e logo foi abandonado, devido a problemas técnicos. Um deles era o fato do braço não ter tirante, uma peça que garante e regula a empenação correta. Isso fez que várias guitarras empenassem depois do uso.

O modelo seguinte já trazia 2 captadores e o nome de Broadcaster. Entretanto a Fender foi acionada judicialmente pela Gretsch, que era dona da marca Broadkaster, uma linha de baterias. As guitarras produzidas neste periodo são conhecidas como No-Casters. Aí sim, em 1951 nasce o nome de Telecaster com o shape que é usado até hoje. O modelo Esquire posteriormente foi relançado, ainda com apenas um captador, como linha mais barata.

Sou um dos muitos fãs da Teleca, como é carinhosamente chamada. Seu timbre é único e indispensável, sobretudo para quem toca country e folk rock. É também muito usada no blues, mas não é raro vê-la em diversos segmentos, justamente por sua sonoridade particular.

Curiosidades
O captador do braço da Telecaster é o dono de seu timbre mais característico. Seu nome é Lipstick (batom) e pelo que dizem, não é a toa. Corre a lenda de que o fabricante original comprou um galpão onde funcionava uma antiga fábrica de batons. Como comprou com a "porteira fechada", nao sabia o que fazer com tantas embalagens de batom. Aí descobriu que se serrasse ao meio dava pra acomodar perfeitamente a bobina de um captador. Nascia o captador Lipstick.

A ponte da Tele original vinha com uma cobertura metálica, que protegia o captador da ponte. Acontece que essa cobertura atrapalhava a maior parte dos guitarristas que a tiravam e usavam como cinzeiro durante shows e ensaios. Essa prática batizou a peça: Ashtray.

Muito usada no country, alguns guitarristas adaptam um dispositivo que liga a correia da Tele à corda Si. Isso faz com que a guitarra possa mudar a afinação da corda, como num lapsteel, dando um efeito comum na música country.

Aí embaixo, um dos entusiastas da Teleca, David Gilmour. Deixe rolar e espere o solo!

sábado, 24 de julho de 2010

Luthieria: Ukelele

Já falei dele aqui e, nestes post iniciais desta nova coluna não posso deixar de fora este pequeno notável. Filho de portugueses, crescido entre os havaianos e alçados à fama pelos ingleses, os Ukeleles (ou ukuleles no original) vem ganhando espaço na música atualmente. Levados para o Havaí no século XIX por imigrantes portugueses, ele descende de dois instrumentos típicos da Ilha da Madeira: o rajão, uma viola de 5 cordas, e o nosso bem conhecido cavaquinho. Na mão dos nativos, ganhou uma nova afinação, em lá, mi, dó e sol, sendo a última mais aguda que a anterior. Essa afinação peculiar confere ao uke uma sonoridade própria.

Peculiar também é a forma de tocá-lo. Como seu som não se sustenta, é preciso tocar as cordas com mais frequência, o que resulta em uma espécie de andante permanente. Daí vem seu nome havaiano: ukulele quer dizer "pulga saltadora" no original.

É possível encontrar 4 tipos de ukes: o Soprano, com cerca de 21 polegadas e 12 trastes (o mais comum), o Concerto, também com 12 polegadas, mas com 23 trastes, o tenor, com 23 polegadas e o barítono, com 26. Este último, além de parecer um pequeno violão, usa afinação diferente, em Mi, Si, Sol e Ré.

Muito utilizado pela turma do folk rock, um grande incentivador do ukelele foi o Beatle George Harrison. Conta-se que ele gostava tanto dos ukes que quando viajava levava 2: um para ele e outro para o caso de encontrar com alguém que também tocasse! Várias de suas músicas foram compostas no uke, incluindo boa parte de seu último (e excelente) album, Brainwashed.

Atualmente o uke vem sendo redescoberto e aparece cada vez mais na mídia. Zach Condon (Beirut), Jack Johnson e Paul McCartney são alguns dos entusiastas deste pequeno notável, que se não é o maior instrumento do mundo, com certeza está entre os mais divertidos!

Aí embaixo pra vocês, um dos meus vídeos favoritos, com a sensacional Ukulele Orchestra of Great Britain mostrando a versatilidade do uke.

Aloha!


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Luthieria: Baixo Rickenbaker 4001

Há poucos dias postei na coluna Blog on the Top informações sobre o single dos Beatles que trazia Paperback Writer e Rain. Nelas, Paul McCartney trocou seu velho Hofner por um baixo Rickenbaker, revolucionário em vários sentidos. E nada melhor que este instrumento clássico para inaugurar esta nova coluna do Experiece: Luthieria.

A Rickenbaker já produzia instrumentos elétricos desde os anos 30 quando o modelo 4001 chegou às mãos de Paul, em 1966. Antes disso, George e John já usavam guitarras da marca, tornando-as conhecidas mundialmente. O mesmo aconteceu com o baixo que logo caiu no gosto de feras como John Entwistle (Who), Chris Squire (Yes), Pete Quaife (Kinks), Glenn Hughes (Deep Purple), Geddy Lee (Rush), Jon Camp (Renaissance) entre outros. Mas domar o Rickenbaker não é tarefa para qualquer simples mortal.

Sua construção propicia sons mais agudos e levemente distorcidos, o que exige um bom ouvido para o setup e boa técnica para tirar nitidez das cordas. Mas o grande trunfo do Rick é justamente não soar como os baixos Fender, amplamente usados no rock, sobretudo o modelo Precision.

Ao contrários dos baixos Fender, o braço é colado diretamente no corpo, conferindo um sustain maior nas notas. Usava dois captadores, um no braço e outro próximo à ponte. Outro diferencial era a saída estéreo, o primeiro até então, o chamado Rick-o-Sound.

Para se ter ideia do mito que o Rick 4001 representa, nos anos 70 a fábrica brasileira Giannini lançou uma réplica do 4001 no mercado. Hoje este baixo é um mito quase tão grande quando o Rick original, sendo disputado por 9 entre 10 baixistas.

Aí embaixo, um exemplo do som do bicho. Dúvidas?