quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Luthieria: Fender Telecaster

Há poucos dias escrevi aqui sobre Leo Fender e suas grandes inovações, que tornaram a música como a conhecemos hoje. A mais importante delas é, sem sombra de dúvida, a guitarra que ficou famosa como Telecaster, mas sua história é ainda mais interessante.

A Tele é uma guitarra de corpo sólido, com 2 captadores e braço fixo por parafusos. Essa simplicidade, tanto na construção quanto para reparos, fez com que ela se tornasse a primeira guitarra elétrica de produção em série. O projeto começou nos anos 40, tomando como base a Rickenbaker Bakelite, uma guitarra havaiana com um captador. Em 1950, Leo criava então a Fender Esquire, também com um único captador e cujo formato já lembrava em muito a Telecaster atual.

Este modelo inicial teve cerca de 50 instrumentos construídos e logo foi abandonado, devido a problemas técnicos. Um deles era o fato do braço não ter tirante, uma peça que garante e regula a empenação correta. Isso fez que várias guitarras empenassem depois do uso.

O modelo seguinte já trazia 2 captadores e o nome de Broadcaster. Entretanto a Fender foi acionada judicialmente pela Gretsch, que era dona da marca Broadkaster, uma linha de baterias. As guitarras produzidas neste periodo são conhecidas como No-Casters. Aí sim, em 1951 nasce o nome de Telecaster com o shape que é usado até hoje. O modelo Esquire posteriormente foi relançado, ainda com apenas um captador, como linha mais barata.

Sou um dos muitos fãs da Teleca, como é carinhosamente chamada. Seu timbre é único e indispensável, sobretudo para quem toca country e folk rock. É também muito usada no blues, mas não é raro vê-la em diversos segmentos, justamente por sua sonoridade particular.

Curiosidades
O captador do braço da Telecaster é o dono de seu timbre mais característico. Seu nome é Lipstick (batom) e pelo que dizem, não é a toa. Corre a lenda de que o fabricante original comprou um galpão onde funcionava uma antiga fábrica de batons. Como comprou com a "porteira fechada", nao sabia o que fazer com tantas embalagens de batom. Aí descobriu que se serrasse ao meio dava pra acomodar perfeitamente a bobina de um captador. Nascia o captador Lipstick.

A ponte da Tele original vinha com uma cobertura metálica, que protegia o captador da ponte. Acontece que essa cobertura atrapalhava a maior parte dos guitarristas que a tiravam e usavam como cinzeiro durante shows e ensaios. Essa prática batizou a peça: Ashtray.

Muito usada no country, alguns guitarristas adaptam um dispositivo que liga a correia da Tele à corda Si. Isso faz com que a guitarra possa mudar a afinação da corda, como num lapsteel, dando um efeito comum na música country.

Aí embaixo, um dos entusiastas da Teleca, David Gilmour. Deixe rolar e espere o solo!

2 comentários:

luizclaudiobarboza disse...

Essa história dos tubos de batom sendo aproveitados como capa de captador e uma das mais curiosas da industria de instrumentos musicais.
e de fato não e lenda, a Danelectro concorrente da Fender foi quem introduziu os captadores com a capa de lipstick, e muitos puristas não consideram o captador localizado na posição "braço" da Tele como um lipstick e sim como "apenas" uma capa cromada.
faz sentido, senão poderia "rolar" um processo.
lipstick
http://www.stevesmusiccenter.com/SDSLD-1.html
telecaster
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-151838265-captador-telecaster-braco-custom-shop-vintage-plus-_JM

Caio Mattos disse...

Boa! Com os links fica clara a diferença!