quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Luthieria: Fender Rhodes

Voltando com outra coluna que anda esquecida, hoje para meu amigo Ricardo Mann. Completam-se hoje 66 anos da invenção de um instrumento que, assim como a guitarra elétrica ajudou a mudar a forma como fazemos e ouvimos música. O piano Fender-Rhodes. Mas a sonoridade que conhecemos dele, assim como na história de Leo Fender e suas guitarras, levou muito tempo para se consolidar.

História
Começou em 1942 quando Harold Rhodes, músico e inventor, foi contratado pelo exército americano para criar um pequeno piano que soldado feridos e mutilados pudessem tocar deitados em uma cama. Ele criou então um modelo com apenas 29 teclas, usando alumínio reciclado de bombardeiros B-17! Mais tarde, em 1945, consolidou a invenção com o Pre Piano, esse aí em cima.

A coisa começou a disparar em 1946 com a parceria com Leo Fender. Logo de cara criaram o Piano Bass (aí embaixo) que, como o nome sugere, tinha 32 notas graves. É importante lembrar que o contra-baixo ainda não existia como conhecemos hoje e fazer os graves em um show era bem complicado. Criaram ainda outros modelos, mas de vendas discretas.

Com a venda da Fender para a CBS em 1965, Harold teve mais liberdade para fazer seus experimentos. Em 1969 finalmente veio ao mercado o Fender-Rhodes Mark I Stage Piano, que revolucionou a sonoridade das bandas, tanto de rock e blues, como de jazz. Era um modelo com 73 teclas, mas já em 1970 um modelo com 88 notas veio ao mercado. A consolidação veio com o Mark II, já no final dos anos 70, quando o instrumento era amplamente conhecido e utilizado.

Como Funciona?
Vocês devem estar se perguntando por que eu estou escrevendo sobre um piano, se eu toco guitarra. Bom, a verdade é que, além do seu invento rudimentar estar completando aniversário hoje, o funcionamento do Fender Rhodes é bem parecido com o de uma guitarra elétrica.

Um piano comum produz som quando um martelo, acionado pelo teclado, atinge uma corda esticada. Já no Fender Rhodes, o martelo atinge um diapasão que tem seu som amplificado por um captador, dando aquela sonoridade de um sino. Ao contrário de um piano convencional, ele precisa ser plugado em um amplificador para produzir som e o mais usado (e recomendado) era o Fender Twin Reverb 2x12, opção de muitos tecladistas até hoje.

Legado
Hoje, já no modelo Mark 7, o Rhodes é produzido pela Roland, mas mantém a grife. Apesar de ser encontrado em praticamente todos os sintetizadores, ao vivo seu timbre continua único e inconfundível. Pode-se dizer que sua utilização mudou a forma como as bandas compunham seus arranjos, tanto no estúdio como ao vivo. Está ombro a ombro com outras marcas como o Hammond (anos 50 e 60), o Melotron, (anos 60) e o Moog (anos 70).

Aí embaixo um exemplo clássico, conhecido e mais que citado: Get Back, com Billy Preston no Fender Rhodes, mostrando que já em 1969 os caras estavam usando o bichinho!

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