terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Review: Um Ano na Vida dos Beatles, de Clinton Heylin

Finalmente terminei de ler esse tal ano na vida dos Beatles, que o biógrafo Clinton Heylin tenta pintar com cores psicodélicas. Aliás, levei mais ou menos um ano para ler este livro, coisa rara para mim que em geral devoro publicações com o mesmo apetite dos cds.

E qual o motivo dessa demora? Talvez a forma como o livro é escrito, a forma de narrativa. Clinton passeia não apenas pelos Beatles, mas por toda a cena do pop/rock da segunda metade dos anos 60, envolvendo bandas como Who, The Move, Soft Machine, Pink Floyd e os americanos da costa oeste como Byrds, CSN e, principamente, Brian Wilson e os Beach Boys.

Essa é a parte boa do livro. A parte ruim (e talvez o motivo da tal demora) é o fato que Clinton, tido como o maior biógrafo do rock, escreve muito mais como crítico musical. A sensação durante todo o livro é que ele tenta desqualificar Pepper de qualquer mérito, classificando suas composições como consequencias do abuso das drogas na época. Por várias vezes coloca o Pink Floyd, então com Syd Barret, como mais inovador que os Beatles e foca muito mais em Bob Dylan que em John Lennon.

Mais adiante, apesar da imensa maioria da crítica especializada da época aclamar o disco, dá crédito a apenas 2 críticos americanos que falaram mal do Pepper. A sensação que fica, é de um livro revisionista, que procura despir o sargento de qualquer mérito. Só para exemplificar, para Clinton apenas A Day In The Life e With a Little Help seriam obras dignas dos Beatles e Lucy In The Sky estaria ali só para "tapar buraco".

Concordo que as maiores inovações dos Fabfour não aconteceram no Pimenta, mas nos anteriores Rubber Soul e sobretudo no Revolver. Mas é inegável a importância do Sgt Peppers como retrato de uma época e para a quebra de uma série de paradigmas até então tidos como verdades absolutas no mercado fonográfico.

Apesar disso tudo, ainda acho uma leitura válida, sobretudo pelo aspecto técnico das gravações da época. Entretanto, pode ser uma leitura difícil para os leigos e irritante para os beatlemaníacos. Meia boca para mim...


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