quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Review: George Harrison, Living in the Material World

Ontem aproveitei a rabeira do Festival de Cinema do Rio e, graças à força do sempre animado amigo e fotógrafo da Mustang, Marcus Alcoforado, consegui ingressos para Living in the Material World, o documentário de Martin Scorcese sobre a vida de George Harrison. Eu já estava ansioso desde agosto, quando postei sobre seu lançamento. Aliás me arrisco a dizer que estava mais ansioso por este documentário do que pelo show do Paul de maio. Claro, tem aquelas coisas do "beatle favorito" e tal, mas o fato é que a vida de Harrison talvez seja a mais rica dos 4.

E olha que Martin Scorcese não poupou detalhes e esmiuçou esta vida ao longo de 3 horas e meia de projeção, mas que passam voando e você nem lembra que está com a bunda dormente. A edição dinâmica, mesclando imagens de época, com depoimentos do próprio George e outros de gente como Paul, Ringo, Clapton, sua esposa Olivia, a ex Patty Boyd, seu filho Dhani, Ravi Shankar, Phil Spector, George Martin, a trupe do Monthy Python, Yoko Ono, Derek Taylor e Neil Aspinall, não deixa a peteca cair em um só momento.

O filme se divide em duas partes. A primeira trata basicamente das origens de George e dos Beatles, onde muitas cenas são conhecidas de quem assistiu ao Anthology, mas há bastante material novo, sobretudo lindas fotografias. A segunda parte dá destaque à carreira solo, à fase indiana e sua luta contra o câncer, que acabou por vencê-lo em 2001. Mais uma vez não há grandes novidades em termos musicais. O que rola é o que já conhecemos pelos bootlegs da vida. Porém existe um acervo maior de imagens particulares de Harrison, tanto em video como em foto.

Uma coisa que sempre me intrigou foi que, quando se fazem tributos a Lennon, por exemplo, você vê as pessoas falando, dando depoimento (mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente), falando do momento e tal... Quando se trata de Harrison, estes tais depoimentos vem sempre acompanhados de olhos brilhantes, nós na garganta e uma sinceridade que apenas alguns iluminados conquistam. É assim com absolutamente todos no filme e não é nada piegas: é realmente como as pessoas se sentiam em relação a ele, basta ver o Concert for George, de 2002, já tão falado neste blog.

Voltando ao filme, fiquei procurando brechas, assuntos não tratados, mas não achei. Talvez apenas este concerto supracitado, mas levando em conta que o filme trata da vida dele, talvez fosse demais. Beatles, Monty Python, hinduismo, Traveling Wilburys, tudo está lá. Por falar em Wilburys, Bob Dylan não dá declarações no filme, apenas é citado. Mas sabendo como ele é, é provável que tenha se sentido superior ao tema...

Um ponto alto é o destaque ao peculiar senso de humor de George, que arrancou várias gargalhadas da plateia, como na hora em que Paul chega para gravar Free As A Bird (para o Anthology de 1994) vestido com uma jaqueta de couro. George o saúda falando "Linda jaqueta de couro vegetariano". Ou como ele dá a Tom Petty a notícia da morte de Roy Orbison.

Não encontrei informações sobre exibição do documentário no circuitão, muito menos sobre TV aberta. Mas aí vem a notícia boa: ele foi exibido na HBO americana dias 6 e 7 de outubro, o que nos dá uma esperança que role por aqui. Quer uma notícia melhor ainda? Consegui os torrents!

Avaliação? Vou falar o que de um filme que tem George Harrison como ator principal, Paul, Ringo e Clapton como coadjuvantes, o Monty Python como elenco de apoio, George Martin na trilha sonora e Martin Scorcese dirigindo? É do cacete!

Lá embaixo, só pra dar um gostinho, um trecho da parte 1.



Um comentário:

Zanna Amorim disse...

Tirando o atraso da sessão, mas que valeu cada segundo esperado...George Harrison nos da uma lição de vida no documentário.A espiritualidade dele foi o que mais me tocou, ele realmente era um ser espiritual... e se realmente existe um paraíso com certeza ele está lá.


Bjusss