sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Blog'n'Roll: Brasil, país da música ruim - parte 4 - O futuro tem jeito!


Ao contrário do que muita gente pensa, não sou daqueles que saem dando tiro pra tudo que é lado, achando o mundo péssimo e dizendo que a vida não presta. É muito fácil chegar aqui, falar mal de um monte de gente e ficar na minha, esperando a polêmica, mas nada disto teria valor se eu não tivesse algo a dizer de positivo, afinal, de negativo basta a música no Brasil.

Por mais incrível que possa parecer, não vejo a atual situação como irreversível. Claro que entram aí as diferenças entre “impossível” e “improvável”, ou seja, não é impossível que um funkeiro conheça física quântica, mas é bastante improvável... Por outro lado sempre vejo a galerinha montando bandas, correndo atrás e tocando nas circunstâncias mais adversas. Isso me faz ter esperança. Odeio aquele discurso derrotista que diz que nada se faz de bom atualmente. Mentira! Tem muito artista bom por aí, eles apenas não ganham espaço de quem detém os meios de comunicação e produção.

Nas últimas 3 semanas expus aqui um pouco das mazelas barulhentas, mal vestidas e mal cheirosas que infestam a música nacional nos últimos 20 anos pelo menos. Confesso que nunca fui de ligar pra essas coisas, num acesso de “o que vem debaixo não me atinge”. Mas sabe aquela estória do formigueiro né? Chegou a um ponto onde o nó na garganta virou uma profunda indignação, algo realmente incômodo e não vi outra forma senão por pra fora pra ver se me aliviava o ódio no coração.

Não adiantou.

Afinal de contas, a bombardeio é diário, mesmo que você não ouça rádio, não ligue a TV, não leia a internet... aliás, mesmo que você seja surdo, acaba vendo dancinhas ridículas e bandinha teen colorida. Socorro!

Mas apesar de tudo, sim, eu vejo solução.

Não é para agora, mas a solução passa por 3 etapas: educação, educação e educação. Primeiro, educação dentro de casa, com bons estímulos e exemplos. Depois, na escola, com ensino de qualidade, de onde as crianças não saiam aos 18 analfabetas funcionais. E por último, a educação da vida, aquela que nos possibilita o discernimento, diferenciar o que é bom do que é ruim.

Mas pra início de conversa, a coisa já fica ruim porque a possibilidade de uma criança nascer hoje em um lar com pouca base moral é grande. Estamos falando de 70%, para ser conservador. Mas vamos levar em conta de que um mínimo de 30% nasceram, como eu, numa casa onde valores como cidadania, cultura e dignidade conviviam com Beatles, Milton Nascimento e Ravel.

Se 30 em cada 100 se salvarem da peneira inicial, precisarão estudar em um lugar que proporcione boas experiências, onde o aprendizado não tenha como objetivo apenas passar de ano, mas formar um caráter para toda a vida. Se levarmos em conta o atual estado das escolas deste país, será muita sorte se 10 indivíduos desses 30 chegarem a algum lugar decente.

Atualizando a conta, se tudo der certo, dos 100 iniciais salvamos 10 pessoas, que precisarão estar em um ambiente propício, cercados de boas amizades que, assim como eles, tenham tido influencias relevantes. Claro que assim como existem aqueles “produtos do meio”, conheço pessoas que resistiram ao seu ambiente nocivo e floresceram a partir daí. Mas estamos falando de apenas 10 pessoas que se salvaram das 100 iniciais. Teremos muita sorte se um vingar.

Para isso, precisamos da boa vontade do governo, em todas as suas esferas. Precisamos de pessoas que pensem a cultura com seriedade, e não de olho apenas no próprio bolso. É necessário que o brasileiro amadureça, não apenas para escolher seus ídolos, mas também para decidir quem o governará e lançará políticas públicas de educação eficazes. Precisamos da volta da paixão e do idealismo, sobretudo daqueles que produzem arte e dos que promovem essa gente.

Voltando a falar do indivíduo que se salvou da nossa peneira, o que este 1% fará? Provavelmente criará um blog de rock clássico, com 30 e poucos seguidores e tocará em uma banda amadora!

Aí embaixo a prova de que é difícil, mas há esperança!

Aqui a série completa:

Leia aqui a Parte 1

Leia aqui a parte 2

Leia aqui a parte 3



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