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domingo, 15 de março de 2009

Hoje no Rock: 11 anos sem Tim Maia

Como escrevi poucos dias atrás, uma das minhas frustrações musicais foi nunca ter assistido um show do Tim Maia. A oportunidade aconteceu para mim há exatos 11 anos quando ele gravaria um especial para a TV no Teatro Municipal de Niterói, cidade onde ainda vivo.

Não lembro porque exatamente, mas não pude ir. E se tivesse ido, não teria visto seu show porque ele não aconteceu, mas teria assistido à história. Corria o dia 3 de março de 98 e Tim subiu ao palco dessa vez. A banda Vitória Régia atacou a introdução de "Não Quero Dinheiro", mas sua voz não saía.

"Vou pedir... vou pedir..." A voz simplesmente abandonou Tim. Ele sinalizou para o público e para a banda e saiu do palco, sentindo-se muito mal. Logo vaias surgiram, afinal era um hábito seu deixar as platéias na mão. Mas dessa vez era mais sério que nunca. Mesmo após o aviso da organização, dizendo que Tim não estava passando bem e voltaria em breve, o público vaiou mais forte.

Saiu do Teatro direto para o Hospital Universitário Antônio Pedro a bordo de uma ambulância do Corpo de Bombeiros, afinal Tim não tinha plano de saúde. Ele havia sofrido uma crise de hipertensão, uma embolia pulmonar e uma parada cardiorrespiratória, revertida com massagens e medicamentos.

Já no hospital, o quadro se agravou com uma hemorragia digestiva e infecções renais e pulmonares. No dia 15 de março de 1998, assim como hoje, um dia de domingo, às 13:03, aos 55 anos, Tim foi para a festa no céu.

Não assisti ao "ensaio de show" como poderia ter assistido. Mas o envolvimento de quem vivia na cidade foi total, afinal era talvez o mais popular intérprete da música brasileira. E lembro como se fosse hoje daqueles dias, os primeiros sem o síndico.

Aí embaixo, um vídeo da dona globo sobre esse dia.




E aqui, ele mesmo se definindo, em 1998, talvez sua última entrevista.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Blog'n'Roll: Tim Maia - Vale Tudo

Se você, assim como eu, imagina que o Keith Richards foi o maior doidão da história da música, talvez precise rever seus conceitos. Porque é essa a impressão que fica após terminar de ler o excelente Tim Maia - Vale Tudo, de Nelson Motta.

Autodefinido "preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares", Sebastião Rodrigues Maia é, na minha modesta opinião, um costureiro habilidoso, capaz de unir o soul e o funk americanos aos ritmos brasileiros, a jovem-guarda à bossa-nova, Elis Regina a ele mesmo.

Tijucano (assim como eu), tinha como amigos de adolescência Jorge (que ainda era só Ben), Erasmo e Roberto Carlos (que segundo o próprio Tim, aprendeu a tocar violão com ele). Resolveu tentar a sorte nos states enquanto seus amigos estouravam com a Jovem Guarda. E ele acaba preso e deportado.

Foi lá que experimentou o seu primeiro baseado (que nunca abandonou) e que incrementou com intermináveis sessões de "triatlon", combinação de maconha, cocaína e whisky que por muitas vezes o deixou fora de combate e dos palcos. Por outro lado, foi um dos primeiros a controlar os direitos autorais das suas composições. Como ele próprio dizia "Gilberto Gil, Caetano, Chico, Edu Lobo, Francis Hime... tudo formado, diplomado, doutorado, mas ninguém tem os direitos sobre suas próprias gravações. Depois o doidão sou eu!".

Libertário por essência, Tim fez questão de tocar com quem queria, o que queria e principalmente, quando queria. Fato raro na música brasileira, cheia de puxa-saquismos, duetos forçados e adulações. Pagou com inúmeros processos, que só não o levaram à falência, porque morreu antes. Aliás, morreu aqui em Niterói...

Obra essencial não apenas para conhecer Tim, mas muita gente que ele uniu com a sua habilidosa agulha musical, com sua voz única e seu balanço característico. Segundo ele, disco bom tem que ter mela-cueca e esquenta-suvaco. Receita seguida à risca ao longo de muitos anos de sucesso. Tim não fez concessões. Para ele, sempre valeu tudo!