sábado, 31 de março de 2012

Review: Roger Waters - The Wall

Quem diria que um dia eu veria este muro tão de perto?
Rolou esta quinta o tão esperado show do Waters no Rio. Tão esperado, tão curtido e agora fica o babaca aqui pensando o que escreve.

Porque nesse caso, aquela coisa das mil palavras fica muito bem aplicada. Talvez mesmo duas mil fossem insuficientes para descrever a grandiloquência de apenas um pequeno trecho do espetáculo. Sim, espetáculo, porque show é quando uma banda vai lá e toca. O que vimos foi algo comparável à uma ópera, na verdade superior.

Superior graças a tecnologia que Waters trouxe nesta turnê. A sensação é de imersão total no disco, com pequenas caixas de som dispostas ao redor de todo o estádio. Aviões, helicópteros, metralhadoras, gritos, carros zunindo... tudo contribui para que cada um se sinta dentro do espetáculo e não apenas um observador.

A sincronia das projeções, som editado e da banda é perfeita! Não houve um só momento em que eu percebesse alguma falha ou imperfeição. Aliás, a banda faz com que todos esqueçam rapidinho Mason, Gilmour e Wright. Um pecado isso que eu escrevi, mas é verdade.

O mais impressionante de tudo é a forma como Waters readaptou sua obra, mais de 30 anos após o lançamento. Se o The Wall original falava em tom introspectivo sobre as barreiras da vida de um homem, hoje ele transfere para o terrorismo de estado os muros das nossas vidas. Com frases de efeito como "O medo constrói muros", Roger vai contando a estória da nossa vida cotidiana e não tem medo de apontar os vilões. Se em 1979, por exemplo, os aviões de Goodbye Blue Sky eram alemães, hoje eles são bombardeiros americanos B52, lançando não mais bombas, mas logotipos da Shell e da Mercedes-Benz.

É difícil dizer o melhor momento do show, mas alguns são simplesmente inesquecíveis, como a abertura - recheada de fogos, aviões e rajadas de tiros, a belíssima homenagem a Jean Charles de Menezes - com direito a uma "Another Brick in the Wall parte 4", ao começo do lado 3, com Hey You, Vera, Brin the Boys e Comfortably Numb e claro, ao operístico julgamento de The Trial. Ou seja... o show todo! Não faltaram gritos de suspresa, deslumbre e, claro, muitas lágrimas.

Não sei se escrevi duas mil palavras, mas estou certo de que não descrevi o espetáculo de quinta. Me perguntaram se foi surreal. Respondi que ao contrário, foi um show de hiper-realismo! Como as palavras não bastaram, aí embaixo um trecho de Comfortably Numb, sem o Gilmour, naturalmente.

2 comentários:

Danfern disse...

Eu nunca consegui gostar de Pink Floyd, mas sei que a falha é minha pq todos meus amigos com bom gosto musical adoram :-P

Enfim, gostei de saber que vc estava lá pra apreciar o espetáculo! :-)

ZANNA disse...

Eu confesso que, foi o melhor show que já assisti em toda minha vida, seja ao vivo ou pela tv...e a única palavra que eu conseguia pronunciar era #PUTAQUEPARIU# a cada música, a cada tijolinho colocado no muro, a cada cena projetada a cada rajada de metralhadora.Uma aula de história, ideologia, faltou mesmo uma homenagem ao Karl Marx, pois o show tem muito da linguagem dele.
E cheguei a conclusão que ROGER WATERS é um GÊNIO.