quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Hoje no Rock: Ray Charles, 80 anos


Muito já se falou sobre Ray Charles, sobretudo após o excelente filme sobre sua vida, lançado em 2004. Sua infância miserável, a perda da visão seu envolvimento com a heroína, a vida de mulherengo e os inúmeros filhos fora do casamento. Ele morreu em 2004, pouco antes do filme ser lançado e teria dado instruções para que nada fosse amenizado.

Mas o filme deixa a desejar em um ponto que muito nos interessa, caro leitor. A influência no rock deste que, se vivo fosse, completaria hoje 80 anos, um menino perto do BB King.

Ray começou sua vida musical ainda menino, enquanto estudava no Colégio Santo Agostinho, onde aprendeu vários instrumentos, entre eles o piano, obviamente. Daí para os gospels e spirituals foi um leve passo. O salto mesmo foi quando, no começo dos anos 50 ele partir para temas mais, digamos, profanos, por influência dos bluesmen e sobretudo de Nat King Cole, seu ídolo nos anos 40.

Mais para o meio da década, com o aparecimento de Chuck Berry, Bill Haley, Little Richard e cia, Ray partiu para o que, na minha opinião, contribuiu para as bases do que hoje chamamos rock and roll. Composições como I Got a Woman (regravada por Elvis), Talk 'Bout Me (regravada pelos Animals de Chas Chandler) e a inconfundível Hit The Road Jack transitam sem problemas entre os universos Blues, Soul e Rock, amarrando todos em uma só influência: Ray.

Não quero meter o dedo na ferida (já aberta) da paternidade do rock. Vivo dizendo aqui que o rock não tem pai: ele é filho da Dona Blues, que o criou sozinha e com muito esforço. Mas para isso contou com a ajuda de alguns tios solidários. Ray era, certamente, um deles.

Um comentário:

Zanna disse...

"Eu fui bastante bombardeado porque algumas pessoas achavam que eu era uma espécie de abominação da igreja. Mas aí as pessoas começaram a perceber...'o homem apenas está cantando o que ele sente. Ele tem que cantar do jeito que ele sente'. Foi aí que eu parei de tentar cantar como os outros", disse Charles em uma entrevista. Nao preciso dizer mais nada né?