sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje no Rock: Abbey Road, 40 Anos

Alguns discos são tão importantes que a gente tem em LP, cassete e CD. No meu caso, isso era comprovado pela presença de não apenas um, mas dois exemplares em vinil do Abbey Road na prateleira da minha casa, quando moleque.

Isso aconteceu porque o primeiro exemplar, provavelmente tão antigo quanto o lançamento original, encontráva-se em estado inaudível, de tantos arranhados que possuia. Para meu irmão e eu, mesmo sedentos de curiosidade beatle, era complicadíssimo tentar entender o que acontecia naquele bolachão preto, sem que a agulha pulasse de 5 em 5 segundos.

Isso foi corrigido anos mais tarde quando meu irmão comprou o segundo exemplar em LP. Lembre-se caro leitor, que iam os anos 80 e baixar música era coisa dos Jetsons. O máximo que se fazia era pedir para um amigo gravar uma "fitinha" e o acesso a músicas era bem mais complicado. Isso com certeza contribuiu com uma certa aura de mistério para o disco em questão, reforçada por uma musiquinha chamada Her Majesty, que tinha no antigo mas não constava no "novo".

Os anos passaram-se e nós gastamos o vinil novo também. Era a hora do CD e claro, foi um dos primeiros comprados quando a discoteca começou a ser renovada. Já estávamos familiarizados com todas as faixas, inclusive com o estupendo Lado B formado por fragmentos de músicas inacabadas, de Because até The End. Até hoje sonho em tocar essa sequência com uma banda, quem sabe quando o disco fizer 50 anos a Mustang nao topa?

Nos anos 90, com o material do Anthology, ficou reforçada a sensação de que eles mesmos tinham a noção do que estavam produzindo. Havia a certeza no ar de que era realmente o último trabalho, então que fosse realmente formidável. E foi. Apenas uma banda como os Beatles conseguiu encerrar suas atividades no auge, com um disco que tem pérolas como Come Together, Because, Something e Here Comes The Sun. Aliás, falando nessas duas, mostrou também a maturidade do beatle caçula, que logo depois mostraria suas garras com um álbum triplo chamado All Things Must Pass.

E o que dizer sobre sua capa, seguramente a mais reproduzida da história do rock? Do próprio Paul McCartney aos Simpsons, passando pelos bobões pimentinhas californianos e pelos geniais Mutts de Patrick O'Donnel, todo mundo tirou sua casquinha. E se esteve em Londres, tirou essa foto também.

E chegamos ao século XXI. Justamente neste mês de setembro tão Beatle, com relançamentos e joguinhos de video game, o tão emblemático Abbey chega aos 40. Não posso esconder que orgulho-me de ter acompanhado esse amadurecimento por mais da metade desse tempo, sempre bebendo da sua fonte, cada vez mais jovem. Claro que sempre sinto a frustação de não tê-lo visto nascer, mas acho que os anos em que o Abbey viveu como um espectro arranhado na nossa prateleira ajudou a formar minha consciencia musical. Como se algo deixasse forçosamente para o final o mais triste e emblemático registro liverpooliano.

Espero que a garotada que o está descobrindo agora mantenha-o vivo por outros 40 anos. Hoje pipocarão na imprensa várias matérias sobre este coroa. Mas que cada um, assim como eu, escreva sua história mais íntima com ele.

Vida longa a Maxwall Silver Hammer, Mr Mustard, Polythene Pam e sua trupe!

4 comentários:

Unknown disse...

Mutts, Mutts, Mutts

RICARDO MANN disse...

É também, junto com o Magical Mystery tour, Sgt Pepper e o Álbum branco, um dos meus preferidos dos Bitous. Bem experimental e épico. Por mim a Mustang não precisa esperar mais dez anos para tocar a sequência do "lado B", basta convencer o "resto" da banda!

Caio Mattos disse...

Ah cara, eu já cheguei a propor, mas nem insisti muito...

Luciano Ox disse...

Ainda quero ter este LP na minha coleção! Valeu pelo post brother, parabéns !!!