Esperar um trabalho de um grande mestre é algo penoso e, por que não dizer, perigoso. A parte penosa é a espera em si, a ansiedade, imaginar coisas do tipo "o que ele inventou agora?". A parte perigosa é ouvir e descobrir que o trabalho não é nada daquilo que esperávamos.
Não tire conclusões antecipadas caro leitor, eu gostei sim de Together Through Life. Mas talvez tenha gostado por ser fã do trabalho de Dylan, se não de todo ele, ao menos de boa parte.
Não tire conclusões antecipadas caro leitor, eu gostei sim de Together Through Life. Mas talvez tenha gostado por ser fã do trabalho de Dylan, se não de todo ele, ao menos de boa parte.
Acontece que talvez esse novo álbum seja mais voltado para "iniciados" na obra Dylaniana. Ao contrário da faixa de abertura Beyond Here Lies Nothing, que tem um ar mais pop, as faixas seguintes podem soar arrastadas para alguns. Algumas tem até mesmo um ar meio anos 40, talvez pelos arranjos marcados por acordeões e violinos, o que confere uma beleza singular, mas pode soar monótono para alguns.
Acho exagero alguns reviews que li, que falam em um álbum "brega". Houve até quem dissesse que parecia "música de churrascaria". Exagero de quem já torce o nariz para o bardo antes mesmo de ouvir o cedê e procura termos para depreciá-lo. Mas é fato que até a sétima faixa, um ouvido menos atento pode achar que ouviu a mesma balada várias vezes seguida.
As últimas 3 faixas são mais animadas, o que faz a audição terminar em alta. Os destaques são para Beyond Here Lies Nothing, ja citada, If You Ever Go To Houston e I Feel a Change Coming On.
Mais interessante que o audio é a bela capa do CD. Uma curiosidade: ela não é inédita. Não no mercado fonográfico, mas no literário. A foto usada ja apareceu no livro Big Bad Love (1990), do escritor Larry Brown. Nele estão contos que tem em comum homens afundados na bebida e no cigarro, solitários e errantes. Nem preciso dizer que Dylan é fã do cara ne?
Sobre a nota, poderia dar um 8, mas levando em conta que sou um iniciado Dylaniano, resolvi pensar como um leigo. Uma nota 7 cai bem, é um disco bom pra se ouvir sem compromisso, mas abaixo dos seus últimos lançamentos.
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