segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Hoje no Rock: George Harrison - 65 anos

Se ainda estivesse entre nós George Harrison[bb] estaria completando hoje 65 anos. Nascido em Liverpool, mas vindo de uma linhagem irlandesa, ganhou sua primeira guitarra aos 12 anos. No seu núcleo de amizades estava seu colega de bairro e ônibus, um tal de Paul. Logo foi apresentado por este a John e estava formado ali o Quarryman (do nome da escola Quarrybank), a pedra fundamental dos Beatles.

O que se seguiu todos sabem, começando pelas espeluncas inglesas, depois de Hamburgo e terminando nos rádios e corações do mundo inteiro.

Mas nem tudo foi fácil para George.
Coube a ele uma responsabilidade dupla. Primeiro, compor riffs e solos para as músicas de Lennon/McCartney. Segundo, igualar-se a eles como compositor. No começo, isso parecia tarefa difícil, mas a partir de 1967 Harrison passou a apresentar material de excelente qualidade, quase freqüentemente preterido em favor dos outros dois. Isso o chegou a fazê-lo pensar em abandonar a banda em 1968 e no ano seguinte era claro seu abatimento na gravação do filme Let It Be. Ainda assim, lançou clássicos absolutos como While My Guitar, Here Comes The Sun e Something (considerada a mais bela música romântica do século XX).

Outra contribuição aos Beatles foi sua paixão pela cultura indiana, trazendo fortes influências sobre as músicas da banda. Coube a ele a inclusão de cítaras, dilrubas, tablas e hamoniums entre outros. Sua amizade com o músico indiano Ravi Shankar durou até seus últimos dias.

Com o final da banda, Harrison deu início a uma prolífica carreira, lançando de cara um álbum triplo chamado All Things Must Pass, numa clara alusão ao que havia acontecido a ele nos Beatles. Em seguida o aclamado Concert For Bangladesh, comparticipações de nobres como Bob Dylan, Ringo, Billy Preston e seu grande amigo Eric Clapton, com quem rolou o triângulo amoroso mais famoso da história do rock.


Mas sua vida não limitou-se ao rock’n’roll. Nos anos 70 foi produtor de cinema, investindo em nomes como o hilário Monty Python. Outra paixão era a Fórmula 1, tendo sido amigo próximo dos brasileiros Fittipaldi e Ayrton Senna. Oficialmente, George foi o primeiro beatle a pisar no Brasil, em 1979, mas para assistir a um grande prêmio.


Harrison lançou 13 discos solo até o Cloud 9, de 1987. Após isso veio o famoso projeto Traveling Wilburys, mas nessa época ele já passava a maior parte do tempo recluso. Pouco anos depois, começou sua luta contra um câncer de garganta, provocado por anos de tabagismo. Em 1992 realizou uma turnê no Japão com Clapton e sua banda acompanhando-o, que rendeu o excelente Live in Japan, o seu último registro ao vivo.


Após 10 anos de luta contra o câncer, George descobriu que estava em estado terminal. Passou a dedicar-se então ao seu último projeto, chamado Brainwashed, lançado postumamente. Conta com produção de outro grande amigo, Jeff Lynne e na guitarra está seu único filho, Dhani. Trabalho para ser ouvido várias vezes seguidas.


Em 29 de novembro de 2001 Harrison começou a formar sua nova banda, mas agora em algum lugar, com Lennon. Tinha 58 anos, seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas no sagrado Rio Ganges. Um ano após sua morte, realizou-se, com organização de seu amigo Clapton, o fabuloso Concert for George. Participam o próprio Clapton, Dhani, Ringo, Paul, Jeff Lynne, Ravi Shankar, Klaus Woorman, Billy Preston, Tom Petty... a lista é enorme e o show simplesmente imperdível.


O mais jovem beatle recebeu várias alcunhas, como “o beatle tímido” ou “o beatle místico”. Apesar de muitos recalcados dizerem que era um guitarrista limitado, é considerado um dos melhores de todos os tempos, por sua sensibilidade e criatividade. Mais que isso, eu o considero um artesão, tanto nos acordes como nas letras, trabalhando os mínimos detalhes de suas músicas. Foi na minha opinião o beatle que apresentou material mais consistente após o fim da banda e o único músico que realmente mexeu comigo na hora de sua morte. Lembro ainda hoje da manhã em que soube. Foi como perder um velho amigo. Mas acho que Harrison era realmente isso: um grande amigo de todos nós, embalando-nos com suas letras otimistas e pessoais. O beatle tímido, místico, calado... o beatle amigo.


Cliquem nos links do texto e descubram mais um pouquinho dele. Vários pequenos presentes pra vocês. Mais detalhes do belíssimo site oficial: http://georgeharrison.com/

2 comentários:

Anônimo disse...

nBelíssimo texto!!!

(aliás, não esperaria outra coisa de vc...rs)

Triste ele também ter partido tão cedo... Me senti um pouco órfã aquele dia...

Lennon é o meu preferido, mas Harrison é pra mim o mais admirável e evoluído, por tanta coisa que não conseguiria dizer aqui...

Gostei da tua definição de "beatle amigo"! :-)

Pois é, graças ao Bom Harrison tivemos Musica Pop + Oriental de primeira qualidade, Produtora HandMade ( com o Monty Python muito bem lembrado por vc e outras coisas memoráveis como o "All you Need is Cash" - crítica e autocrítica das boas); Travelling Wilburys (único ex-beatle que conseguiu participar de um - excelente - GRUPO de verdade, sem "donos" ou "lideres" ao invés do que eram Wings, John e Plastic Ono Band, All Star Band....), etc, etc, etc,...

Ah, ouvi dizer que foi gravada uma versão em inglês da "Ana Julia" do Los Hermanos, pelo Jim Capaldi, que teve algum dedo do Harisson,
vc sabe algo a respeito ?

Saudações!!

Caio Mattos disse...

É isso tudo aí e muito mais Dan. Se fôssemos falar tudo, precisaria de um blog só pra ele.

Sobre Ana Julia, o que ouvi é que ele gravou apenas de brincadeira, na época das gravações do Brainwashed. Tenho até uma gravação pirata dela com ele cantando e o Capaldi na bateria. Pega ai nesse link.

http://www.4shared.com/file/39645480/913a577e/Jim_Capaldi__George_Harrison_-_Ana_Julia.html

A qualidade não é essas coisas, mas vale como documento.