quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hoje no Rock: 30 anos sem Lennon


Escrevi aqui outro dia, no post sobre a morte do Harrison, que apesar de lembrar nitidamente do dia do assassinato do John, a inocência infantil que ainda me dominava não permitiu nenhum tipo de abalo.

Estava no carro, viagem para Cabo Frio, tinha entre 7 e 8 anos. Já sabia quem era John Lennon (assim como Paul, George e Ringo), mas a notícia não teve o poder de me abater. Ainda estava mais interessado na viagem.

O passar dos anos e o amadurecimento fizeram com que a consciência fosse surgindo a respeito da morte de John. Não sou daqueles que santificam John. Pelo contrário, acho que ele foi bem filadaputa em vários sentidos, imaturo mesmo. Não culpo Yoko pelo fim dos Beatles, mas que ela é uma pessoa de atitudes condenáveis, isto é. Posto isso, é igualmente importante saber separar o homem da sua obra, e é aí que a coisa fica interessante.

O mercado hoje oferece dezenas de livros sobre a vida de John, muitos contando tudo aquilo que já sabemos. Recomendo a ótima biografia escrita pela sua primeira esposa Cinthya. Mas se você não tem grana para livros, ou paciência para biografias, basta ouvir suas músicas.

Sim, porque talvez John seja o mais autobiográfico dos compositores. Tudo que ele escreveu (ou quase tudo) foi em tom pessoal, como Mother, Cold Turkey, Working Class Hero ou a melhor de todas (para mim pelo menos), God. Ao ouvir, tente traçar um paralelo com o que ele vivia no momento, com suas frustrações e seus anseios. Não se concentre apenas na carreira solo. Mesmo as canções mais inocentes dos Beatles tem lindas mensagens pessoais, como In My Life.

Garanto que, ao final de uma audição criteriosa, você terá uma imagem perfeita de John Lennon, sem disfarces, sem alegorias e sem viúvas.

Apenas John, 30 anos depois, atual como nunca.

5 comentários:

Daniel disse...

Cara, sou suspeito para falar sobre essa figura humano excepcional.

Se olhar meu blog verá que por diversas vezes falei sobre ele. Eu amo esse cara e sua música e sua vida.

Todos os anos nesse mesmo dia acendo uma vela para ele. Pode parecer absurdo, mas, por aí, você percebe o quanto ele significa para mim.

Daniel

Daniel disse...

Cara, legal suas músicas. Sou músico também. Estamos gravando nossa demo. Assim que tiver algumas músicas te envio, caso queria conhecer, é claro.

Não é tão folk, mas rock n roll em sua maioria.

abs

Caio Mattos disse...

Valeu Daniel

O meu próximo CD (de 2011 nao passa) será bem mais folk, mas o anterior é bem rock e blues, assim como o som da minha banda, a Mustang 65.

Manda material seu sim! A gente posta aqui!

abraço

Zanna disse...

Bela foto!

Danfern disse...

Vergonha eu demorar tanto pra comentar esse post!

Realmente 08 de dezembro é um dia a se lamentar, e nem acho absurdo o gesto do Daniel. Acho muito bonito, isso sim! Beatles é coisa séria e importante pra muita gente (que bom!).

Mas como vc bem lembrou, nem por isso a gente deve endeusar o Lennon nem os outros Beatles, eles não são vacas sagradas, intocáveis.

Até concordo que tanto John quanto Yoko possam ter atitudes erradas. Mas se ele não foi santo, também não acho que a Yoko é uma bruxa.

Lennon e Yoko tem muito de bom e também de ruim - talvez por isso se entendessem tão bem.

São seres humanos com suas qualidades, mesquinharias, virtudes, defeitos, como qualquer outro - mas tudo fica potencializado porque são figuras públicas.

A bio da Cinthya deve ser interessante, lógico que ela tem mais do que motivos pra se sentir injutiçada, tenho uma certa pena dela. Mas não tem como esse livro ser isento e refletir fielmente a realidade, porque acredito que reflita muito a mágoa de uma mulher que sempre foi posta de lado e que foi sacaneada pelo marido, que deu pra Yoko o amor que nunca deu pra ela.

Esse livro da Cinthya deve ser lido sim, mas acho que esse fator tem q ser levado em consideração na leitura. Quando a Yoko lançar a dela, eu me comprometo a ler ambas, e ver o que cada uma me oferece pra conhecer melhor o Lennon... E vou dar um desconto, pq nenhuma das duas é isenta pra falar de tudo o que rolou... :-P

No mais, totalmente de acordo com o que vc escreveu: Lennon era MUITO confessional nas suas canções. A música era a forma que ele encontrou de expressar o que pensava, o que sentia, suas alegrias, medos e angústias mais íntimas. E ele sabia fazer isso muito bem, criando excelentes canções.

E também se expressou através de outras formas de arte - literatura, artes plásticas...e também em manifestações pacifistas e políticas. Nisso tudo contou com o apoio de Yoko e quanto 'as artes de certo modo creio que até em memória ou influenciado por seu finado amigo Stutccliffe...

Em tão pouco tempo de vida teve uma trajetória de vida riquíssima, acho que digna de personagens da mitologia grega. (to viajando muito? imaginaaaaa....rs)

Gosto de todos os Beatles, cada um a seu modo, mas as músicas do Lennon, várias dos Beatles mas muitas da carreira solo, me encantam e emocionam um bocado...

Fico imaginando nesse mundo de hoje, como o Lennon se encaixaria, com a superexposição da vida e das opiniões de todos... Acho que ele ia participar ativamente do mundo digital. Perfil em redes sociais eu não sei, mas acho que ele teria um blog ou algo do tipo onde escreveria bastante, sobre tanta coisa!!! Eu adoraria saber o que o Lennon de hoje estaria discutindo, criticando, criando.